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PLACA NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

PLACA  NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

ESTUMAR



Armando Sérgio Mercadante

Estumar era provocar uma briga entre dois garotos. Os dois eram colocados no meio de uma roda formada por meninos e o estumador colocava a mão entre suas faces e dizia:

- Cospe na mãe dele!

Quando um cuspia, rapidamente o estumador recolhia a mão e o cuspe ia direto no rosto do outro. Se a briga não acontecesse , fazia-se um risco no chão e o estumador dizia:

- Quem pisar no risco estará pisando na sua mãe.

Se mesmo assim a briga não tivesse início, o estumador empurrava um contra o outro.

Quando a briga começava as torcidas logo se manifestavam com gritos e palavras de ordem.

Estumávamos as brigas, talvez influenciados pelos faroestes do cinema e dos gibis. É bom lembrar que quando a briga excedia em violência, às vezes, entrava em ação a turma do deixa-disso ou a mãe de um dos lutadores!

A primeira vez que dei um soco num garoto tive uma decepção danada:como minha mão doeu! O que assisti no cinema não aconteceu na realidade. Nunca vi mocinho sentindo dor na mão depois de um soco bem dado!

Não era um Rock Lane. Mas encarava. Já bati e apanhei muito. Coisas de moleque chegar em casa com o olho roxo e inchado. Lá vinha a bronca e a compressa com sal e vinagre.

Quem nunca teve uma atiradeira? Os guris cariocas diziam bodoque (ou estilingue?) como na música João e Maria interpretada por Nara e Chico : “guardava o meu bodoque e ensaiava o rock para as matinês”. Quem nunca soltou papagaio com manivela? (quem falava pipa e não usava manivela era menino carioca). Quero deixar bem claro que não tínhamos nada contra os meninos cariocas que apareciam em Recreio. Que me perdoe o Wilson Carioca, mas que a gente debochava deles, debochava! Detestávamos quando nos chamavam de guris. E aquela chuvarada de “s” em nossos ouvidos? Achavamos engraçado quando viam um boi ou um cavalo. Ficavam espantados como se estivessem diante de um ET.

Construíamos com alegria nossas atiradeiras, papagaios e zarabatanas. Para construir uma atiradeira, o primeiro passo era conseguir uma boa forquilha. As melhores eram da goiabeira. Depois os elásticos tirados da câmara de ar de bicicleta. O pedaço de couro, onde colocávamos o projétil, era obtido nos retalhos das sapatarias. Atirávamos pedras ou bolas de argila secas ao sol, e às vezes bolinhas de chumbo usados nos cartuchos dos caçadores de Recreio..

O papagaio era feito com papel de seda, varetas de bambu, o tradicional grude preparado com farinha de trigo e o cabresto onde era amarrada a linha, marca Corrente nº 24. O rabo e as rabiolas eram opcionais. Se ao subir inclinasse mais para um lado (usávamos a expressão “estava mariando”) era só colar uma rabiola e soltar de novo. Se continuasse mariando, colávamos mais rabiola até obter o equilíbrio necessário.

A preparação do cerau exigia uma técnica apurada. Eu colocava cacos de vidro no trilho da linha férrea e aguardava o trem. As rodas do trem trituravam os vidros transformando-os em pó. Recolhia o pó e misturava na goma arábica. Depois era só passar a mistura na linha (pedaço mais próximo do cabresto) e aguardar a vítima. Se a vítima também tivesse cerau o bicho pegava. Assistíamos a um verdadeiro duelo onde a habilidade dos oponentes era decisiva. Quando um papagaio tinha sua linha cortada e começava a cair a molecada corria em direção ao local do pouso forçado. Se caísse na “grimpa” de uma árvore insubível a frustração tomava conta de todos.

Feliz aquele que teve infância! Mais feliz se a infância aconteceu em Recreio.

Dedico esta crônica ao meu primo Robert Cunha (Dindinho), sepultado em Recreio no dia 27 de junho passado, aos 59 anos de idade. Você faz parte da minha infância, da minha vida. Que Deus lhe dê o descanso dos justos.

CURIOSIDADE

De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Vdaerde!

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