Total de visualizações de página

PLACA NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

PLACA  NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O CASAMENTO DE JUVENTINO

Juventino e Aparecidinha tinham saído da Casa Paroquial onde foram providenciar os papéis do casório. Foram recebidos pelo Pe. Ávila que fez um sermão sobre as responsabilidades do casamento. Estavam felizes e já tinham pensado nos padrinhos que seriam convidados. “Minhas florzinha de laranjeira, precisava o Seu Vigário puxar nossas orelhas? “ Puxou não meu chuchuzinho, ele só falou umas coisas bonitas pra gente. Fica embestado não” . Juventino despediu-se da sua futura esposa e lembrou que precisava passar no Banco Hipotecário e ter uma prosa com o gerente Darci do Banco sobre as economias que tinha depositado durante anos. Foi conselho do Baiano, funcionário competente que Juventino admirava. E agora tinha chegado a hora de saber quanto tinha juntado. Mas antes precisa ir correndo para casa e receber o Tote Bombeiro. Um cano de chumbo tinha furado. Enquanto Tote fazia a solda bateu na porta um mensageiro do Posto Telefônico com um recado da telefonista Dona Tatá: “ O Capitão Inácio está aguardando você no telefone”. Juventino saiu feito uma bala em direção ao Posto Telefônico. Foi só colocar o telefone no ouvido, fazer o em-nome-do-pai e ouvir o Capitão: “Fiquei sabendo que você vai casar com a Aparecidinha. Por que não me contou?” “Sabe Capitão, eu queria fazer uma surpresa pro senhor e convida-lo para ser meu padrinho de casamento”. “ Faz muito bem Juventino. Se você não me convidasse seria uma desfeita. Deixa a festança por minha conta. Vou mandar matar uns bois e vamos oferecer um churrasco pra ninguém botar defeito. Converso com o Sebastiãozinho e alugo o Colina. O Chiquito com a Jardineira pode ficar a disposição dos convidados que não tem automóvel. Amanhã estarei no Arraial Novo. Passe lá em casa para combinarmos os detalhes. Não se esqueça de levar o nome dos padrinhos. Dê uma chegada na loja do Luiz Fernando do Compadre Vieira e escolha uma geladeira, uma televisão e um DVD dos bons. É só mandar anotar na minha conta. Vai ser o meu presente de casamento. Compre coisa boa sem se preocupar com o preço. Fale com a Aparecidinha para procurar meu amigo Arnaldo Barcellos na Casa Nadinho e pegar o que estiver faltando para o enxoval. Se precisar de mais coisas procure o Compadre Sebastião Camilo de Araújo na Venda Nova (Bazar Recreio).
Chegou o grande dia. A igreja estava lotada. Celino e Dona Líbia aguardando a entrada da noiva para executarem a Marcha Nupcial. Rubinho Retratista já estava preparado para eternizar o grande momento. Juventino em pé próximo do altar usava um terno feito na Alfaiataria do Sr. Jarbas pelo alfaiate Arlindo Peres. Os sapatos tinham sido comprados no Castrinho. A gravata na Casa Nadinho. Aparecidinha fez o penteado com Dona Ligia Caminha, famosa cabelereira. O bolo estava a cargo da Dona Caçula doceira de primeira mão.O vestido de noiva foi feito pela Dona Filhinha, costureira famosa e competente. Aparecidinha seria conduzida até as escadarias da igreja pelo chofer de praça João do Hotel. A igreja foi ornamentada pela Dona Vanda, Nair e Maria do Frederico. As flores vieram de Barbacena. No casarão dos Melidos não paravam de chegar os presentes.
Juventino estava impaciente. Pe. Ávila inquieto com o atraso da noiva. Quando Celino no violino e Dona Líbia no Harmônio começaram a executar a Marcha Nupcial Aparecidinha entrou sendo conduzida ao altar pelo Prefeito Municipal Dr. Rafael Costa Cruz Figueiras, grande amigo da família que substituiu o pai da noiva já falecido. Na frente, o lindo casal de criancinhas, Aníbal e Alice levavam as alianças. No momento da benção das alianças a Ave Maria foi cantada pela Niva. A emoção tomou conta de todos. Juventino e Aparecidinha deram o primeiro beijo em público. Terminada a cerimônia teve início o churrasco preparado pelo Salim. Capitão Inácio era só sorrisos. Os convidados fartavam-se diante de tantas iguarias. No meio da festa foram surpreendidos por um espetáculo pirotécnico executado pelo Chiquito Fogueteiro. Encerrada a festança os noivos foram conduzidos pelo Jaci Lima no seu carro de praça, um Ford 1945, para a fazenda do Capitão Inácio onde iriam passar a lua de mel.
Rubico Tantã chorava que nem criança. Seu grande companheiro de copo agora tinha uma dona brava que nem jararaca. Seu grande amigo virou camisolão. Cansou de preveni-lo: “Juventino, quem tá fora quer entrar e quem tá dentro quer sair. Pensa bem no que você vai fazer”.
A cobertura jornalística foi feita pelo Jornal de Recreio, O Verbo, A Piroga, Voz da Cidade e O Lidador de Conceição da Boa Vista. A fotografia dos noivos seria capa da próxima edição do fanzine Mar de Morros. A cerimônia foi transmitida pela Rádio Mundial de Recreio.
Capitão Inácio estava feliz. Tudo tinha saído conforme planejado por ele. Suas ordens foram cumpridas. Os padrinhos foram escolhidos a dedo do jeito que tinha que ser e o Padre Ávila fez um bonito e emocionante sermão.

Nenhum comentário: