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PLACA NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

PLACA  NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

LAR DOCE LAR

Na casa de Juventino e Aparecidinha a vida corria normalmente. Amorzinho pra lá, amorzinho pra cá. O casal curtia as alegrias da vida a dois. Depois do trabalho tinham o hábito de passear pelo jardim, fazer um programinha no bar do Sr. Chiquito, assistir um filme no Cine Eldorado e aos domingos ir à missa. O cheiro do incenso, a cantoria do coral e a cerimônia em latim deixavam Juventino emocionado. Sua canção sacra preferida era Queremos Deus. Quando chegava na hora de cantá-la soltava o vozeirão. Tinha recebido um convite do Zé Corino para fazer parte dos Congregados Marianos o que foi prontamente aceito..
Guardava dentro de si desde criança um sonho: aprender tocar o perereca-é-sapo-é- sapo-é-sapo (bombardino) seu instrumento musical preferido. Tomou a decisão e procurou o Sr. Sebastião Rodrigues Milagres, ferroviário, maestro e presidente da Sociedade Operária Musical Flor da Mocidade que lhe acolheu com entusiasmo. No outro dia iniciou seu aprendizado de teoria musical. Estava indo bem nas aulas de solfejo. Tinha dom para a música e aprendia com facilidade. Contava nos dedos o dia em que iria tocar o bombardino. O tempo passou e lá estava ele todo feliz tocando bombardino na banda de música. Aparecidinha fazia o possível e o impossível para não perder a nenhuma apresentação. Não cabia dentro de si de tanto orgulho em ver seu amorzinho usando aquele uniforme bonito e caprichando na execução dos dobrados ao lado dos músicos renomados da cidade sob o comando do grande maestro Sr. Milagres.
Juventino ocupava agora a função de pedreiro. Serviço é o que não faltava. Recreio estava crescendo com o grande movimento de trens da EFL. O número de ferroviários na cidade só aumentava. A necessidade de novas moradias se tornava imperiosa.
Tinha assinado o jornal O Verbo. Gostava de ler as notícias da cidade, os resultados dos campeonatos de futebol, a coluna social e a programação do Cine Eldorado. Leu com muito alegria na edição de sete de setembro de 1952 que o Grupo de Amadores de Recreio estava ensaiando a peça “Mamãe não deixa” sob a orientação do Sr. Estácio Robert Cunha detentor de uma grande experiência cênica. Os atores seriam: Marizinha Simão, Iolanda Coimbra, Mariinha de Castro, Josita Fernandes, Geraldo Damasceno de Almeida, Armando Mercadante, David Germelo e Sebastião Almeida. Até que no fundo gostaria de fazer parte do grupo. Chegou a conversar com o Sr. Estácio sob a possibilidade de fazer um teste. Seu ator preferido era o Armando Mercadante, ferroviário que tinha sido transferido de Pirapetinga para Recreio. Além de ator era cantor. De vez em quando mostrava suas qualidades vocais cantando na programação que antecedia o início da peça teatral.
Todos os dias antes de pegar no batente Juventino ia à leiteria pegar o leite que era colocado dentro da leiteira de alumínio pelo o Sr. Camilo com aquele canecão de cabo comprido. Depois passava na Padaria do Sr. Nísio para comprar os pães que mal tinham saído do forno. Quando chegava em casa o café já estava coado e a mesa posta.
Um dia quando chegou do trabalho encontrou sua flor de formosura com tonteira, pálida e com enjôo. Não perdeu tempo levou-a no Dr. Abrahim Appes, que após o exame deu um belo diagnóstico. “Tudo indica que sua esposa está grávida” . Juventino quase teve um treco. As pernas bambearam, seu rosto empalideceu e seus olhos marejaram. Ia ser pai. A notícia logo se espalhou. O teste da agulha tinha dado menino homem, segundo a sogra do futuro papai.
No dia sete de setembro esteve no Centro Cultural de Recreio para assistir a abertura oficial da Exposição Iconográfica Histórica de Recreio do Pedro Ernesto Ferreira Dorigo, filho do Aristides Dorigo autor da Coluna Ferroviária do jornal O VERBO. Ficou maravilhado em ver tantas fotos e documentos antigos.
Agora era só aguardar a chegada do bebê. Dona Sebastiana, parteira competente e muito requisitada, já estava avisada.
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