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PLACA NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A GRANDE MASCOTINHA


Banana, Mascotinha e Pinga-Fogo

Até os anos sessenta, parques e circos armavam suas fábricas de sonhos e fantasias no campinho, terreno localizado entre a Rua Botafogo e a Campo Limpo, hoje ocupado pela Prefeitura Municipal. A TV ainda não tinha chegado em nossa cidade. Nosso povo se divertia nos parques, circos, touradas, cinemas, futebol, festas populares e religiosas. Era a época dos circos e parques com suas atrações e personagens que encantaram toda uma geração da qual orgulhosamente faço parte. Nas minhas lembranças ainda estão vivos Pinga-Fogo, Mascotinha, Hilda Barbosa Marques, e o Parque do Banana.

Pinga-Fogo, palhaço cuja marca registrada era o nariz onde piscava uma luz para nós misteriosa e encantadora. Tão encantadora que o Timóteo, “indivíduo perverso”, assim denominado pelo seu pai o saudoso Pastor João Wendling Duarte, uma vez queimou o nariz tentando imitar o Pinga-Fogo ao colocar dentro de uma narina uma brasa apoiada sobre uma colher. Quando um circo deixava a cidade, a meninada fazia seu próprio circo no quintal de suas casas para preencher o vazio deixado e imitar seus personagens. O circo do Timóteo, por exemplo, era a alegria da garotada da Rua Tenente Joaquim Pereira, no Botafogo. Tinha mágico, malabarista, trapezista, palhaço. A lona era sempre o lençol da mamãe estendido sobre estacas de bambu.

Mascotinha era o símbolo sexual da época. Fazia nossos respeitosos varões liberarem suas fantasias sexuais. E a garotada não saia do banheiro para desespero dos pais. Seu requebrado era estonteante. Tinha um par de pernas!(que a Lenira me perdoe!). Numa de suas apresentações, um respeitável cidadão recreiense ficou tão enfeitiçado que caiu da arquibancada. Tomou conta do recinto assobios e gargalhadas. Era o sr...??? Quem souber o nome ganhará um ano de assinatura grátis do M&M Taí Aníbal um boa sugestão.

Banana com seu famoso parque de diversões passava por Recreio todos os anos. Era um parque simples mas tinha o encanto de ser o Parque do Banana. O “esta música alguém oferece para alguém como prova de muito amor e carinho”, “o rapaz de calça marron e camisa branca que se encontra ao lado da barraca das argolas oferece esta música para a jovem de vestido rosa e cabelos pretos e compridos como prova de muito amor e carinho”, anunciadas no auto-falante era um momento aguardado com ansiedade. Ao ouvir a mensagem, se a donzela estivesse interessada ia atrás do seu príncipe encantado. Muitos casamentos começaram ali.

Ao som de Anísio Silva, Alcides Gerardi, Albertinho Fortuna e Nelson Gonçalves, dentre outros, éramos felizes e sabíamos disso. A barraca do tiro ao alvo com as espingardas sempre descalibradas era um desafio para os nossos exímios atiradores. Quando alguém conseguia descobrir o macete e acertar no alvo, o calibre era sorrateiramente modificado pelo zeloso funcionário.

Hoje os Bananas, Mascotinhas e Pinga-Fogos fazem parte de uma época marcada pelo romantismo, onde pegar na mão da namorada e “roubar” o primeiro beijo exigia uma estratégia digna de um mestre do xadrez. Época em que a professora castigava o menino colocando-o sentado ao lado de uma menina na carteira dupla do Olavo Bilac. Que as meninas nos perdoem, mas era humilhante sentar ao lado de uma menina! Melhor ajoelhar nos caroços de milho.

Por falar no Olavo Bilac , é importante registrar no ano de 1962 a apresentação obrigatória da dupla Zé Dilton e Leleno do Bitão, antes do início da primeira aula, com direito a bis nos intervalos, cantando o sucesso da época Maria Chiquinha, hoje regravada por Sandi e Júnior. Zé Dilton fazia o Genaro, engrossando a voz, e Leleno a Maria Chiquinha afinando a voz . Fico com pena da dupla Sandi e Júnior!

Hoje o antigo campinho da Rua Campo Limpo só existe na saudade. Pinga-Fogo, Mascotinha e Banana fazem parte do mundo da saudade. É só deitar no sofá, fechar os olhos e deixar as imagens virem à tona.

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