Lenira Rocha Peres Mercadante
“Ama, e faças o que quiseres”.
(Santo Agostinho
Segundo Santo Agostinho tudo o que fazemos com amor é bom. “Ama, e faças o que quiseres”. Embora não seja, de fato, uma escritora amo minhas raízes, sua história, sua gente e tudo o que diz respeito a Recreio. Gosto de falar, ouvir e escrever sobre minha terra o que faço com satisfação e amor.
Vivo o presente com alegria, mas não podemos ignorar a nossa história. Uma coisa é ficar presa ao passado, outra é buscar lembranças agradáveis. Quantas pessoas boas passam pelo nosso caminho e fazem parte da nossa história. Ajudam-nos na caminhada e nos dão oportunidades de seguir em frente. Como esquecê-los! Tenho um grande carinho por elas.
Quando, ainda menina, comecei a trabalhar fora de casa. Meu primeiro emprego foi na farmácia do Helio Botelho por quem tenho grande admiração como também pelos seus familiares. Na farmácia trabalhava junto com o Zé Joaquim. Vivemos bons momentos no nosso trabalho. Depois trabalhei na farmácia do Ramires junto com seu pai Sr. Remídio, onde aprendi a admirá-los e ter uma grande estima por eles. Foi também um tempo de boas recordações. Sem falar no período em que trabalhei com o Dr. Rafael em seu consultório. Todo dia lia para mim a história de um santo. Foram momentos gratificantes onde aprendi muito com todos eles.
Antes de trabalhar fora de casa vendia e entregava as encomendas dos doces e pastéis que mamãe e minha irmã Aparecida faziam. Os canudos recheados com doce de leite e creme eram muito procurados. Sem falar nos deliciosos pastéis.
Tinha os lugares e as pessoas certas para vender e entregar as encomendas, como por exemplo, o Bar do Rui na Rua Botafogo. Para mim era uma delícia saborear os deliciosos picolés feitos por ele, principalmente os de coco e creme. Duro mesmo era fazer entrega num botequim nos Mandiocas, devido à distância e ao sol forte durante o verão. . O dono , salvo engano, era Nicácio. Fazia também entrega para o Sr. Euclides e o Sr. Manoel Carroceiro e outros que no momento não me recordo. Sr. Manoel Carroceiro tinha um barzinho em frente da Estação Ferroviária. Lembro-me que ficava de olho nas deliciosas rabanadas que ele vendia. Como o dinheiro não dava para comprar eu o perturbava tentando negociar a menor das rabanadas. Ele respondia dizendo que o preço era o mesmo. Mesmo assim insistia dizendo que aquela era menorzinha e podia ser vendida mais barata. Só sei que ele já cansado com a minha insistência acabava cedendo e lá saia eu toda feliz saboreando o delicioso doce.
Quantos aos lugares que eu vendia já tinha a freguesia certa. Vendi muito na Rua São Joaquim, principalmente na cerâmica. Passava sempre na venda do Valter Gouvêa. Ele, Zaca e Tavinho compravam sempre. Antes de comprar os pastéis eles me deixavam irritadíssima. Quando estavam quase comprando o Valter perguntava se o pastel era de vento. Muito irritada dizia que não vendia mais para eles. Eles me bajulavam e eu acaba voltando. Aí começava tudo de novo. Perguntavam se o recheio era de carne de cachorro. Eu não agüentava , ameaçava sair e dizendo que eles fossem comprar de outra pessoa que não vendia pastel de vento e carne de cachorro. Quando ia saindo o Valter e Tavinho me chamavam, diziam que era brincadeira e tudo ficava numa boa. Vendia meus pastéis e eles se deliciavam com eles. O Zaca, muito reservado, só ficava de longe estampando um discreto sorriso.
Pensando bem as pessoas com as quais trabalhei, de uma forma ou outra, contribuíram com seu serviço para a nossa Recreio. Por aí se vê quantas pessoas passam pelos nossos caminhos deixando suas marcas e contribuições para o nosso crescimento. Agradeço a Deus por isso.
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