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PLACA NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

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quinta-feira, 27 de setembro de 2007

DADOS BIOGRÁFICOS DE ARMANDO MERCADANTE

(Da esquerda para a direita: Armando Mercadante,sua esposa, sogros e filhos)

Armando Mercadante, filho de Francisco Mercadante Jr. e Rosa Russo Mercadante, ambos italianos, era neto de Ferdinando Mercadante. Nasceu em Pirapetinga, Minas Gerais, no dia 28 de julho de 1916 e faleceu, aos 57 anos de idade, em Santo Antônio de Pádua (RJ), em 28 de julho de 1973. Coincidentemente no dia do seu aniversário!

Era o caçula de uma família formada por dez irmãos: Francisco, Antônio, Deodosio, Walter, Miguel, Humberto, Carmelinda, Rosa. Hercília e Edith(única viva).

Passou sua infância e juventude em Pirapetinga, sua terra natal. Fez o curso primário no Grupo Escolar “Cel. Ribeiro dos Reis”. Em 1933, com 17 anos, entrou para a Estrada de Ferro Leopoldina, como telegrafista conferente, aposentando-se em 1970, como chefe de estação, na cidade de Recreio, Minas Gerais.

Segundo sua irmã Edith “foi um menino muito querido pelos pais de seus amiguinhos de infância. Foi uma criança dócil, educada e obediente. Muito mimado pelos irmãos. Ajudou muito a nossa Banda de Música. Nunca se meteu em bares. Seus amigos eram selecionados. Seu vício era o cinema. O nosso cinema funcionava três vezes por semana. Nas noites que não havia sessão, ele passavas as horas em casa de sua madrinha onde permanecia por lá até as 9 horas da noite. Deixava o serviço da Leopoldina às 5 horas da tarde. Tomava seu banho e após o jantar ia juntar-se aos seus amigos na nossa praça. Quanto ao cinema, nunca pagou ingresso, pois era considerado como filho pelos seus proprietários. Quando faltava funcionário, ele ia para a bilheteria vender ingressos para ajudar a dona do cinema. Muito honesto, nunca cometeu um ato que desabonasse sua moral e cumpridor dos seus deveres”.

Entrou para a Estrada de Ferro Leopoldina em Pirapetinga no dia 02 de dezembro de 1933 na função de Auxiliar de 4ª classe e aposentou-se em Recreio como chefe de estação (boné vermelho) no di 31 de janeiro de 1970.

Papai casou-se em 27 de julho de 1947 com a jovem Dirce Coutinho Araújo, natural de Providência (MG), nascida em 29 de novembro de 1922, hoje com 79 anos, que passou a denominar-se Dirce Araujo Mercadante. Tiveram três filhos: Armando Sérgio, Regina Célia e Carlos Alexandre.

Viveu para a família e o trabalho. Era um homem caseiro. Suas únicas paixões foram o teatro, o cinema e a maçonaria. Quando um filho adoecia entrava quase em desespero.

Quando eu estava com 13 anos, cursando a 2ª série ginasial, como não queria nada com os estudos, papai aplicou-me o seguinte castigo: de manhã e à tarde na estação ferroviária para aprender telégrafo e ajudá-lo em tarefas simples; à noite, estudar no ginásio. O castigo (bendito castigo!) foi aplicado de forma serena e enérgica.

Papai gostava de teatro. Embora tenha cursado apenas o Curso Primário, tinha o dom da palavra: gostava de fazer discursos. Era um excelente orador. Fez parte do Teatro de Amadores de Pirapetinga e de Recreio, tendo desempenhado seus papéis com muita naturalidade e eloqüência. Possuía uma bela voz, cantou várias vezes no mesmo, sendo muito aplaudido. A música de sua preferência era o Fox-trot. Fez parte, também, do grupo de teatro amador da cidade de Recreio. Suas apresentações eram sempre elogiadas pelo público. Tive a honra de trabalhar com ele numa peça no ano de 1968. Jamais me esqueci de sua apresentação. Fez o papel de promotor de justiça. Até hoje lembro-me de sua fala inicial: “É mais que um assassino. É um bárbaro. Aos que matam por ciúmes. Aos que tiram a vida de seu semelhante(...)”. Nesta peça trabalharam: Careca, Ranulfo, Rufina, Neida, Roosevel, Armando Sérgio e Armando Mercadante.

No trabalho na Estrada de Ferro Leopoldina, na cidade de Recreio, destacou-se pela eficiência, lealdade, seriedade, senso de justiça, responsabilidade e honestidade. Aposentou-se como chefe de estação.

Em 1965 assumiu a Presidência do Setor Local da CNEG (Campanha Nacional de Educandários Gratuitos), entidade mantenedora do Colégio de Recreio, hoje denominada CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade). Construiu com muita luta e determinação o prédio onde funcionou o Colégio de Recreio. Foi uma dura batalha para angariar recursos: rifas, festas,visitas a políticos, dentre outras atividades. Foi incansável e determinado na sua luta. Para terminar a construção do prédio fez um empréstimo em seu nome no Banco Hipotecário e Agrícola, hoje Itaú. Como garantia hipotecou suas três casas. Fato este que não mereceu reconhecimento público. O pagamento do empréstimo seria feito com verba a ser enviada pela CNEC de Brasília.

Em 01 de julho de 1973 internou-se numa Clínica em Santo Antônio de Pádua (RJ) para retirar uma úlcera do estômago. Adquiriu hepatite numa transfusão de sangue. Durante sua hospitalização viveu a experiência do desespero: a verba prometida para pagar o empréstimo e liberar suas casas ainda não tinha chegado. Três dias antes do seu falecimento recebeu do Sr. Elmo Justo a notícia da chegada do dinheiro. Meu pai pôde morrer em paz. Sua missão estava cumprida.

Armando Mercadante era ferroviário, maçom da Grande Loja. Amava a Maçonaria. Foi Venerável e, mais tarde, Orador, cargo que desempenhou com sua eloqüência costumeira. Todo ano, no dia 21 de abril, viajava para Ouro Preto como representante da Loja Maçônica de Recreio para as festividades promovidas pelo Governo de Minas Gerais. Nesta data ocorre a transferência simbólica da sede do governo para Ouro Preto.

Quantos sabem desta história? Ainda não temos o Museu da Memória de Recreio!

Lamento que até hoje as autoridades municipais de Recreio não reconheceram o trabalho feito por um filho de Pirapetinga que adotou Recreio como sua terra do coração.

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