Sua vida é marcada
Por pontos e linhas.
No trabalho é sempre
A mesma rotina:
O barulho do telégrafo
Imprimindo na fita de papel
As mensagens que chegam.
Seu ouvido treinado
Decodifica os sons irritantes.
Como dizem os colegas:
"pega de ouvido".
Terminado o trabalho
Espera o ônibus no ponto
Volta para casa
E sua esposa lembra
Que a linha acabou.
Seu filho pede ajuda
Para estudar o ponto sobre Código Morse.
Dá uma saída até o bar
E o garçom anuncia
Que a carne está no ponto.
Irritado pensa:
Só falta servir telégrafo assado!
Posso telefonar?
A linha ta com problema.
Toma uma cerveja
com uma porção de carne
E volta para casa.
Veste o pijama
Liga a televisão
Regula o som no ponto
E pergunta a sua esposa
Qual a cor da linha.
Com a mão cansada
De tanto telegrafar
E os olhos pesados
Dorme e sonha
Com um mundo
Sem pontos e linhas.
No outro dia
Pega o ônibus no ponto
Chega na Rua da Estação
Atravessa a linha
Vai para a estação
Assina o ponto
Lê e responde as mensagens
Do telégrafo insistente
E já não sabe se é gente
Ou ponto e linha!
(Armando Sérgio Mercadante)
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