












MEUS FILHOS GOLEIROS: ARMANDO SÉRGIO (CAMISA VERMELHA) E CRISTIANO (CAMISA AZUL
Tem por finalidade publicar artigos,fotografias, informações e documentos sobre Recreio e o autor.
Armando Sérgio Mercadante
“A dúvida é o princípio da sabedoria” (Aristóteles)
O conhecimento se constrói no dia-a-dia através do uso crítico da razão, ligado a princípios éticos e raízes sociais. É uma tarefa que precisa ser retomada a cada momento, sem jamais ter fim. A cada dia surgem novas descobertas, avanços tecnológicos e científicos que jogam por terra certezas consideradas irrefutáveis e confirmam hipóteses e afirmativas seculares. Qual era a visão do homem sobre o universo antes da invenção do telescópio? E a descoberta do carbono 14 na datação de peças e documentos? Quantos documentos considerados verdadeiros foram, após a datação, reconhecidos como falsos? Exemplo recente foi o Santo Sudário.
O que não podemos fazer é preencher nossas dúvidas com o sobrenatural. "O apressado come cru."Deus não pode ser um tapa-buracos para as lacunas do conhecimento humano. Ele quer que usemos nossa inteligência para buscar a verdade. É evidente que determinados fenômenos escapam do domínio das ciências. Daí a existência quatro tipos de conhecimento: o popular (senso comum), científico, filosófico e teológico.
Substituir o que não explicamos por Deus é muito cômodo. Dúvidas? Melhor tê-las do que sentir-se o dono da verdade vivendo numa falsa paz intelectual onde não existem interrogações que são substituídas por pontos finais, que fatalmente conduzem ao erro. Sem dúvidas, desta forma, o conhecimento humano fica estagnado. Não podemos ser acometidos pela Síndrome Carolina: “o tempo passou na janela e só Carolina não viu”. Sentir-se o dono da verdade, além de ser falta de humildade, é fanatismo. O fanático não dialoga e não aceita a possibilidade de estar errado.E no campo das concepções religiosas é sempre bom lembrar que estamos na época do ecumenismo, do diálogo e não da separação.
O conhecimento se constrói através do estudo, da pesquisa, do diálogo, da abertura à crítica, da humildade em reconhecer que o engano é inerente a qualquer ser humano e sobretudo do trabalho interdisciplinar.
Concluindo: como podemos ter a pretensão de explicar o mundo se não sabemos se somo capazes de saber ou se o conhecimento do mundo é possível? Se olharmos para o passado veremos quantos erros foram cometidos em nome do que parecia ser e não era? Quantas teorias consideradas irrefutáveis em seu tempo foram superadas (a do Sol girando em torno da Terra, por exemplo)? Quantas coisas que acreditamos conhecer hoje não serão desmentidas amanhã? Os filósofos se preocuparam e se preocupam com essas questões. Alguns afirmam que as realizações humanas estão marcadas mais pelas interrogações do que pelas conquistas alcançadas. Afirmo alguns porque na Teoria do Conhecimento existem posições diferentesdiante das perguntas: o que é conhecimento? É possível o conhecimento? Qual é o fundamento do conhecimento?
“Filho meu, não rejeites as instruções de tua mãe” |
Sua vida é marcada
Por pontos e linhas.
No trabalho é sempre
A mesma rotina:
O barulho do telégrafo
Imprimindo na fita de papel
As mensagens que chegam.
Seu ouvido treinado
Decodifica os sons irritantes.
Como dizem os colegas:
"pega de ouvido".
Terminado o trabalho
Espera o ônibus no ponto
Volta para casa
E sua esposa lembra
Que a linha acabou.
Seu filho pede ajuda
Para estudar o ponto sobre Código Morse.
Dá uma saída até o bar
E o garçom anuncia
Que a carne está no ponto.
Irritado pensa:
Só falta servir telégrafo assado!
Posso telefonar?
A linha ta com problema.
Toma uma cerveja
com uma porção de carne
E volta para casa.
Veste o pijama
Liga a televisão
Regula o som no ponto
E pergunta a sua esposa
Qual a cor da linha.
Com a mão cansada
De tanto telegrafar
E os olhos pesados
Dorme e sonha
Com um mundo
Sem pontos e linhas.
No outro dia
Pega o ônibus no ponto
Chega na Rua da Estação
Atravessa a linha
Vai para a estação
Assina o ponto
Lê e responde as mensagens
Do telégrafo insistente
E já não sabe se é gente
Ou ponto e linha!
(Armando Sérgio Mercadante)
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