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PLACA NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

PLACA  NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

III FESTIVAL DA CANÇÃO POPULAR DE RECREIO

Nos dias 1º, 2 e 4 de novembro 1972, a Associação Comercial de Recreio foi palco de mais um grande acontecimento cultural com a realização do II Festival da Canção Popular de Recreio e V do Festival da Poesia. Canções selecionadas:

MUDADO DEMAIS
(De Ernane Borges Guimarães)

I
Você insiste em me deixar
Eu não desisto, não vou lhe abandonar
Você insiste em me deixar
Eu não desisto, não vou lhe abandonar.

II
Você diz não, eu digo que sim
Pois é verdade, "pode crer" em mim.
Eu digo sim, você diz não
Isso maltrata meu coração. (Bis)

III
Há quatro anos atrás
Eu era mudado
Hoje sou
Mudado demais. (Bis)
(VOLTA À SEGUNDA ESTROFE)

JÃO E MARIA
(De Ernane Borges Guimarães)

É João é Maria. É Maria, é João...
Lá no morro não tem água não.
Quando é noitinha, João e Maria
Descem para a cidade defendendo
É João, é Maria. É Maria, é João...
Ah! Como é triste a gente ver
Tanta gente nesse mundo sofrer
Uns têm demais
Outros não têm o que comer
Mas tudo isso não tem problema não
Mas lá no morro não tem água não...
É João, é Maria,
É Maria, é Jão,
É João, é Maria...

EU SOU NADA
(Música de Antonio Carlos W. de Freitas.
Letra de Ciro Roberto, Luiz Almeida Fernandes)

Um dia uma lágrima perguntou
A uma linda, linda gota de orvalho:
Ô gota, tu és filha do carvalho
Ou és dessa chuva que terminou?

Ô lágrima,
Ô lágrima,
Eu sou nada,
Eu sou nada.

Ô lágrima, amiga eu sou,
Um nada, que vive do orvalho,
Sou uma simples, simples gota de carvalho
Que nasceu quando o vento soprou.

O AMOR ACONTECE
(Letra e música de Aristides Dorigo)

Desse amor não sou culpado
Nem mesmo culpo a você
A gente ama ou é amado
Sem nunca saber porque (Bis)

Foi você de quem gostei
Nesta vida é sempre assim
Sou censurado bem sei
Mas sem você que seria de mim.
Foi você..

TRISTE É A NOITE - FANTASIA
(Letra e música de Jaci Carvalho)

Quando a noite vem
Eu vivo só pensando nela.
A noite é minha inimiga
Faz-me lembrar o passado com ela.
Se eu tivesse prestígio no Céu
Pediria a Deus que mandasse só o dia,
Pois a noite pra mim é um açoite
É a causadora da minha agonia.

Ao pensar nos passados risonhos
Dos beijos, das juras, que sempre trocamos,
Do nosso futuro que sempre traçamos,
Mas ela fugiu, destruindo os meus sonhos,
Agora me vejo sem rumo , perdido,
Qual folha que o vento atirou no chão,
Nas minhas palavras não há mais sentido,
Vivo caminhando e sem direção.

VIDA
(De Sebastião Fernandes da Silva)

Vida
Uma vida
Crua, nua
Um vida, duas vidas três vidas,
Quatro vidas, cinco vidas, seis vidas
Num rua nua
Milhares de vidas
Multidão.
Uma vida, duas vidas, três vidas,
Quatro vidas, cinco vidas, seis vidas
Desunião.
Uma vida,duas vidas , três vidas,
Quatro vidas, cinco vidas, seis vidas
Milhares de vidas
Desigualdade
Falta de AMOR.

PICOLÉ AMERICANO
(Letra e música: Padilha)

Uma fábrica de sorvete americana. Ana Ana Ana cana-caiana
faz do sangue seu mais divino nome, home, home home lubisome
faz da vida o mais doce picolé, mué, mué, mué mué
na embalagem vem escrito só não vive quem não quer.

Gritua um - vendedor na rua, ua, ua, rua sua
quem vai querer comprar, ar ar ar ar
tem sabor de creme corte
tem sabor de sangue forte
tem sabor de chocolate, late late late
tem sabor de vida e morte, orte corte sorte morte.

MENSAGEM
(Rosana Márcia Brito)

Refrão: Andei pelas serras
Lutei muitas guerras,
Vaguei longas terras.

Trago meu peito cheio de amor,
Não quis trazer comigo a dor,
Quero deixar aqui meu clamor:

Pra hoje poder falar,
Das coisas que eu aprendi
A vida me ensinou a revelar
Promeu povo como vivi.

Sofri por ver
A guerra aumentando,
A paz se turvando,
O amor acabando.

Sofri por ver
Gente perdida
Querendo galgar
Alguma dor sofrida.

Sofri por ver
Meu povo triste
E verifiquei
Que tristeza existe.

Sofri por ver ver
Gente cantando,
Em amizade
Viver pensando.

Sofri por ver
Tristeza contida,
Um mundo de risos,
Saudade escondida.

Sorri por ver
O amor despontando,
A guerra acabando,
A dor findando.

E agora que eu já falei
Do modo que eu vivi,
Meu grito aqui deixarei:
Foi sofrendo que aprendi.

ROCK AND ROOL DE ARRASAR
(Anibal W. de Freitas)

Era nova e acompanhada
Quando em vim nascer
E nós crescíamos juntos
Meu pai, minha mãe e eu.

As coisas andavam bonitas
E eu começava a brincar
E eles me alegravam
Cantando "um rock and rool de arrasar".

E cantavam:
Cha na na na na na... (3 vezes)
Um velho "rock and rool de arrasar".

Agora as coisas mudaram
Não ouço mais a canção
Meus pais ficaram mudos
Com a tristeza no coração.

Hoje não conseguimos
A letra da Rock lembrar
Mas nada mora em noss'alma como
O som do "rock and rool de arrasar".

E cantavam:
Chá na na na na na (3 vezes)
Em velho "rock and rool" de arrasar.

O CARNAVAL QUE EU BRINQUEI
(Música de Jaci Carvalho. Letra de Aristides Dorigo
e Jaci Carvalho)

De outros carnavais que eu brinquei com ela,
Relembro agora, com saudade,
Depois dos meus 50 anos de idade,
Recordo mui triste, chorando a minha mocidade,
De outros carnavais que eu brinquei com ela,
Agora vivo em meu recanto de saudade.

Confete e serpentina quase não existem mais,
Pierrô e Colombina já ficaram para trás,
E do lança-perfume que fazia sonhar,
Agora só me resta recordar...

SAMBA, CHARADA
(Zacaria Gomes do Nascimento)

Lá no campo é fruta colorida
Na Floresta é madeira de Lei
Duas e duas um nome de mulher
O nome dela eu não direi.
Este samba é uma charada
Fui eu mesmo que bolei
Diga o nome da mulher
Que está na pista que eu lhe dei.
Ela pode ser brasileira
Ou estrangeira
De uma nação qualquer,
Pode ser loira,
Branca, preta ou mulata,
O que importa é ser mulher.
Lá lá lá lá ra ra ra ra
O que importa é ser mulher.

SONHO
(Francisco Aristides Martins - Chiquinhão)

Olho o mundo alegre
Cantando sorrindo, vibrando.
Olho em volta de mim
Vejo tudo
Estou sonhando enfim
Olho para moços e moças
Alegres, contentes, felizes,
Olho para o sol que desponta
Trazendo pra todos amor e espernça.
Mas quando acordo dste sonho,
Vejo a vida sem retoque
Sem estoque de amor
Eu vejo que neste mundo
Não passo apenas de sonhador.

PENSO EM VOCÊ
(De Francisco Antonio Germelo e
Carlos Alexandre Mercadante)

Penso em você
Às vezes choro
Não sei porque
Mas sei que penso
E quando penso
É em você.
De minha janela
Olha a vida
Vejo uma rosa
Penso em roubá-la
Para ofertar-lhe.
Penso em você
Vejo você
Sorrindo
Correndo.
Você pára
Eu te olho
Você é formosa
É orgulhosa
Como o sol do meio-dia.

ROSANA
(Elur de Castro Santo)

Rosana
menina flor
Que só sabe chorar
e ainda não viu
que o amor é tão belo
para quem quer amar.

Deixe a tristeza de lado
venha comigo cantar
vamos sair por aí
e levar o amor
pra quem quer amar.

PARTIDA PARA O INFINITO
(Rosa Marcia Brito)

Vai, caminhante,
Vai caminhar.
Você caminhando
Pela estrada que é longa,
A estrada que é a vida,
A estrada que também tem fim.
Vai, caminhante, vai (3 vezes)
Vai procurar a Paz.
Vai
Cantando para o mundo,
Cantamos todos nós.
Vai
Girando com o mundo,
Giramos todos nós.
Vai
Lutando pelo mundo,
Lutamos todos nós.
Quero mostrar que estamos com você (bis)
Vai correndo
Que o fim da sua estrada vai chegar
E assim tudo vai se acabar
Pra gente nova a sua vida começar.

CORTE ESSA...
VÁ EM FRENTE
(Zacaria Gomes Nascimento)

Em uma varanda
Um casal de namorados
Abraçam e beijam
Descuidados.
Em uma esquina
Da rua ao lado
Ficam os curiosos
Aglomerados.
Enquanto uns riem
Outros jogam piadas
Mas o casal
Não está ouvindo nada
De rosto colados
Ouvidos com ouvidos
Trocam juras
Do grande cupido
Planejam seus futuros
De Mulher e Marido.
Curiosos curiosos
Não sejam tão marotos
Corte essa vá em frente
Deixe a vida dos outros
Lárárá lárárárá
Deixe a vida dos outros.

O QUE SOBROU
(De Sebastião Eduardo e Pedro Paulo)

A história que o homem não fez
O poema que mundo comeu
A verdade que Deus acreditou
O dia que noite gerou
Das preces que o cansaço criou
A planta se alimentou
E o homem secou
As guerras que fumaça brotou
O ódio se levantou
E a alegria deitou.
A cidade que ninguém viu
O calor que o sol não sentiu
A tristeza que o dono não amou
Na barca do nada seguiu.
Das palavras que a escola ensinou
A lembrança guardou
A mão escreveu
E a vida venceu
Dos delírios da fome
A caça se abrigou
O escuro se fez
E o medo chorou
Das idas e vindas
que o movimento
em pedra transformou
Quem é quem no que sobrou?

EXPECTATIVA
(Marília Abreu Rocha)

Anoiteceu
parte do mundo
o teu povo vagabundo
adormece em tuas mãos
tão cansado
de ser nada
querer tudo
Imperfeitos.
Anoiteceu
calam-se as idéias
e se gelam as platéias
que adormecem sonos vãos
tão cansadas de ser tudo
sem ter nada
Impefeitos.

E deliram deuses de papel
que se queimam no fogo real
verdadeiras manhãs
do - Acordei...

Amanheceu
num leito amante
dar carinho é uma constante
ela agora é mulher.
Tão amado
o teu corpo
num delírio
Pecadores...
Amanheceu
num seio errante
virgem morta e fascinante
sua imagem é lembrança
e o teu corpo
tão amado
não existe
Pecadores...

E deliram deuses de papel
que se queimam no fogo real
verdadeiras manhãs do - Acordei!...

Aconteceu
que anoiteceu
e eu vi.
Aconteceu
que amanheceu
e eu vi.
Olhei para o mundo
só quis ser feliz
e o meu protesto
foi quem errou.

LADAINHA DA ESPERANÇA
(Anibal e Pedro Dorigo)
Gemem ondas lá na praia
Beijam águas a branca areia
Sai jangada para o mar (3 vezes)
E o céu sobre as ondas
Abre os braços pra jangada
Coração pro pescador
Jangadeiro vai pescar
Deixando lá atrás sua mulher, chorando.
Homem de fé e coragem
Pescador que de morada
Faz o mar e sua jangada
Já no meio do oceano
Murmura aos peixes
Vela soprada pelo vento.
A mulher lá na praia
Ladainha da Esperança
Canta a espera,
a espera
a espera
Que ele volte
Quanto a volta ela não sabe
Do homem que é seu marido
Do homem que é seu marido.
Jangadeira toma o remo
Fugindo da borrasca
Que ameaça sua vida
Que ameaça a sua vida.
Jangadeiro de coragem
Que não tem medo do mar
Onda sobre onda vai
Cai sobre o pescador
Que luta contra a morte
Para a onda não o levar.
Tarde já ia caindo
Quando voltava à sua casa
Deixando lá atrás o mar a chamá-lo.
Se a onda o levasse
Yemanjá seria invocada
Pela mulher lá na praia
Pela mulher lá na praia.
Seu retorno foi feliz
Com peixes na jangada
Lá veio ele vitorioso
Abraçar a sua amada
Abraçar a sua amada.
Gemem ondas lá na praia
Beijam águas a branca areia
A jangada já chegou
A jangada já chegou
A jangada já chegou
A jangada já chegou...

LÁSTIMA
(Marília Abreu Rocha)
Gota de lágrima
de um marginal
eu vi
a rolar
de tédio
bêbado
nítida
amiga da dor.
Gota de voz
de um ladrão
ouvi
a dizer
do crime
a arma na mão
controle vital
final de ilusão.
Porta fechada a luz desse sonho morto
na cela a dor do destino louco
e vê de longe o perdão na rua
de pés no chão da verdade nua.
Gota de lástima
de um preso
eu ouvi
sussurar
ao Deus
piedade
a dívida
soluços de amor.
Gota de lágrima
de lástima
de voz
eu vi
meu pai[
de algemas na mão
em aços mortais
saudade em vão.
Porta fechada a luz desse sonho morto
na cela a dor do destino louco
e vê de longe o perdão na rua
de pé no chão da verdade nua.

ACERVO: O JORNAL DE RECREIO - julho/agosto de 1972

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