Lenira Rocha Peres Mercadante
O balão vai subindo/
Vem caindo a garoa/
O céu é tão lindo/
E a noite é tão boa/
São João, São João/
Acende a fogueira/
No meu coração.
(Alberto Ribeiro
Junho se aproxima com as tão esperadas e tradicionais festas em homenagem a três santos cristãos: Santo Antônio (dia 13), conhecido como santo casamenteiro, São João (dia 24), um dos santos mais popular considerado protetor das mulheres grávidas e São Pedro (dia 29), santo dos pescadores, guardião das chaves e “porteiro do céu”. As festas juninas nos fazem viver intensamente nosso folclore, a nossa cultura. Nessas festas temos a influência de vários povos que marcaram a nossa história. Dos portugueses nós herdamos muito, comidas (como arroz doce), a festa em si, a religião, algumas danças como a dança das fitas. Dos franceses herdamos a quadrilha com passos e marcações inspirados na corte européia. Alguns comandos da dança são expressões francesas aportuguesadas, como por exemplo, ANAVAN (en avant) avante, caminhar balançando os braços, RETURNÊ (returner) voltar aos seus lugares e TUR (tour) dar uma volta. Dos índios o gosto por alimentos como mandioca, milho. Dos africanos danças, comidas. É difícil separar as influências que sofremos, pois somos o resultado de tudo isso, da mistura de povos e tradições.
As fogueiras também fazem parte da tradição das festas juninas. O fogo é tido como símbolo de purificação desde a antigüidade. Cada festa tem a sua fogueira especial. Na festa de Santo Antônio a fogueira deve ter uma base quadrada , é também conhecida como chiqueirinho. Na festa de São João a fogueira deve ter uma base redonda, fazendo a fogueira ser cônica, em formato de pirâmide. A fogueira da festa de São Pedro deve ter a base triangular e deve ser triangular.
Quem não se lembra das fogueiras, da batata doce assada, do busca-pé, das bombinhas e das brincadeiras que aconteciam em torno das fogueiras que eram armadas pelas ruas de Recreio? O chocolate e o quentão para espantar o frio, pé de moleque e salgadinhos. Tinha até o pau de sebo com um prêmio no topo para quem conseguisse subir. Hoje a forma de comemorar o mês de junho mudou, no entanto o mesmo espírito junino continua vivo no sangue do nosso povo.
Nasci na Rua São Joaquim onde brinquei minha infância e vivi um longo período da minha vida até o meu casamento quando mudei para Juiz de Fora. Hoje, com muita alegria, temos uma casa na minha São Joaquim onde passamos feriados, férias e alguns finais de semana. Foi nessa rua que aconteceu uma das festas juninas, em frente da Cerâmica Estefanio, que recordo com muita saudade. A noite estava fria, muita música, alegria e muita gente também. Parte da rua foi ornamentada com bandeirinhas coloridas e as barraquinhas com as variedades deliciosas: salgadinhos, doces, chocolate quentinho e o famoso quentão. E a música tocava sem parar animando o pessoal
Bom mesmo foi quando iniciou a apresentação da quadrilha da Melhor Idade e o tradicional Casamento na Roça. As roupas típicas estavam lindas, os pares perfeitos, dançavam com muito entusiasmo, muita graça e no passo certo. O sanfoneiro garantia a cadencia e como sempre a Zé do Cacá, minha irmã, comandava a quadrilha com muita animação. Nunca me diverti tanto, dei boas gargalhadas. Quem nunca viu o Zé Clóvis dançar quadrilha não pode perder. É animadíssimo, criativo e muito engraçado. Como é gostoso e gratificante ver a nossa gente se divertindo e esbanjando alegria!
Durante algum tempo a Cerâmica foi a sede da Melhor Idade que promovia quase toda semana um jantar dançante, com música ao vivo que era muito freqüentado. Armando e eu participamos de um desses eventos. Foi uma noite inesquecível. A comida estava deliciosa, ambiente gostoso, alegre, aconchegante, com muitos casais dançando e o reencontro com os amigos. A organização estava impecável. Na parte de cima da cerâmica, onde foi montada uma estrutura apropriada de madeira com pista de dança, ficavam as mesas onde se faziam as refeições. Numa mesa grande era colocada a comida onde as pessoas se serviam à vontade.
Hoje a Melhor Idade está na antiga sede do Flor da Mocidade. Graças aos seus participantes, principalmente o Sr. Geraldo, muitos eventos são promovidos, bailes, excursões e jantares dentre outras.
As pesquisas e estudos mais recentes têm comprovado que a velhice não é um período de estagnação, imobilismo e tristeza. Pelo contrário, é uma fase da vida que pode ser muito bem vivida com alegria, realizações e criatividade. Nesse sentido, a Melhor Idade de Recreio tem contribuído de forma significativa para a valorização do idoso oferecendo oportunidades concretas para uma vida de qualidade.
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