Lenira Rocha Peres Mercadante
A escolha do tema justifica-se pela grande importância que programas sociais e produções acadêmicas[1] têm dado à velhice ou, expressão hoje consagrada, a “Terceira Idade”.
Romper com a visão equivocada em tratar o velho como alguém que não tem mais uso, de um ser improdutivo tem sido a bandeira de algumas instituições e de tantos profissionais da área de saúde e da Psicologia.
O objetivo deste trabalho é estudar de que maneira a Psicologia, independente da linha psicológica, pode contribuir para um melhor envelhecimento.
O problema levantado[2] parte do pressuposto de que os idosos resistem em aceitar novas idéias que os levam a uma crescente introspecção e decréscimo da comunicação com o mundo exterior. A Psicologia poderá dar sua contribuição, permitindo ao idoso adaptar-se ao novo ritmo, sem ruptura ou afastamento social, desempenhando sua capacidade de adaptação social produtiva, mediante a ampliação e o aprofundamento dos estudos sobre a vida psicológica do idoso, psicoterapias, grupos de reflexão, cursos e palestras para grupos de terceira idade e profissionais que atuam com os idosos.
O presente trabalho irá desenvolver os seguintes assuntos: envelhecimento, senescência, senilidade, geriatria, gerontologia, equilíbrio emocional, tratamento psicoterapêutico, ajustamento, qualidade de vida do idoso, depressão e solidão na velhice, psicologia do envelhecimento e sexualidade na velhice.
O envelhecimento[3] é um processo universal na espécie humana determinado por fatores intrínsecos, podendo ser influenciado também por fatores extrínsecos e ambientais.
O envelhecimento é a resposta do corpo às condições que lhe são impostas, tanto por dentro quanto por fora.
A senescência é o processo de envelhecimento normal e benigno, que se estende por todo o curso da existência humana, consequentemente ao desgaste fisiológico pelo passar dos anos, que tem seu marco em torno dos 65 anos.
O envelhecimento saudável, ou senescência, é aquele no qual essas alterações ocorrem de forma gradativa, como busca de consciência, permitindo ao indivíduo a condição de se adaptar ao novo ritmo, sem ruptura ou afastamento social, mantendo e aprimorando sua relação.
De certa forma, a velhice e a forma com ela é vivida são reflexos acentuados do que foram a personalidade do indivíduo e os efeitos ambientais da qualidade de vida que o indivíduo teve.
Além de um envelhecimento natural do corpo, soma-se a aceleração do acúmulo de tudo o que o indivíduo viveu, a forma como ele organizou sua qualidade de vida, os níveis de estresse a que o homem hoje se acha submetido, a maneira como ele dorme, sua alimentação associada a uma falta de regularidade de práticas de atividades físicas e de lazer são fatores que irão influenciar como este indivíduo chegará a sua velhice e a maneira como ele poderá saber viver essa nova fase de vida.
Durante o processo de envelhecimento, as mudanças associadas ao avanço da idade são altamente específicas para cada pessoa; começando em diferentes partes do corpo, em momentos diferentes e, com um ritmo e alterações também diferentes nas células, tecidos e órgãos.
Do ponto de vista físico, as principais mudanças do adulto jovem para o velho são as seguintes: modificações externas, as bochechas se enrugam e embolsam; aparecem manchas escuras na pele (manchas senis); a produção de células diminui, a pele perde o tônus, tornando-se flácida; podem surgir verrugas, o nariz alarga-se, os olhos ficam mais úmidos. Há um aumento na quantidade de pêlos na orelha e no nariz e os ombros ficam mais arredondados. As veias destacam-se sob a pele dos membros, encurvamento postural devido à modificação na coluna vertebral, diminuição de estatura pelo desgaste das vértebras.
Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no indivíduo. Tais alterações são naturais e gradativas. É importante salientar que estas alterações são gerais, podendo se verificar em idade mais precoce ou mais avançada e em maior ou menor grau, de acordo com as características genéticas de cada indivíduo e, principalmente com o modelo de vida de cada um. (CAPODIECI, 2000: 21).
SIMONE DE BEAUVOIR (1970) cita, na dimensão física do envelhecimento, a ocorrência na mudança da aparência, embranquecimento dos cabelos e dos pêlos em algumas partes do corpo, proliferando no queixo de algumas mulheres. Por desidratação a pele se enruga, os dentes caem acarretando um encolhimento da parte inferior do rosto, de tal maneira que o nariz se alonga verticalmente por atrofia dos tecidos elásticos aproximando-se do queixo. A proliferação senil da pele traz um engrossamento das pálpebras superiores, enquanto se formam papos sob os olhos, o lábio superior míngua, os lóbulos das orelhas aumentam.
Como parte das alterações, também o esqueleto se modifica. Os discos da coluna vertebral se empilham e os corpos vertebrais vergam , diminuindo o tamanho do busto. Ocorre uma redução na largura dos ombros e aumento na largura da bacia, o tórax tende a tomar forma sagital, sobretudo nas mulheres. O funcionamento cardíaco se altera, perdendo progressivamente sua capacidade de adaptação, as veias perdem a elasticidade podendo reduzir sua luz, a circulação cerebral é mais lenta reduzindo sua oxigenação. A caixa toráxica mais rígida faz com que haja perda da capacidade respiratória, caindo de
De acordo com BEAUVOIR(1990), evolução para o aumento do peso em alguns casos, é determinado pelo excesso alimentar, ansiedade e sedentarismo, fazendo surgir camadas de gordura sobre os músculos que diminui ainda mais a sua massa.
Como diz VERAS(1996), em nosso estágio de civilização não possuímos ainda o domínio do tempo, portanto o envelhecimento cronológico de um ser vivo é previsível, porém, não previnível. Já o envelhecimento biológico é uma questão complexa, que tem merecido muitos estudos ainda não conclusivos. O envelhecimento patológico, em alguns casos pode ser estatisticamente avaliado quanto às possibilidades de sua ocorrência e assim possível de sofrer interferências em seu curso através de meios de prevenção. Para que isso ocorra, há responsabilidades sociais e individuais a serem cumpridas adequadamente.
As circunstâncias favorecedoras da senescência têm haver com fatores genéticos, estilo de vida, trabalho, ambiente, condicionantes biopsicossociais que concorrem para um envelhecimento com melhor ou pior qualidade de vida.
Em épocas recentes foram efetuadas numerosas pesquisas no sentido de provar se o segredo da longevidade está realmente escondido em algum canto remoto da terra. Em Vilcabamba, no Equador, na região paquistanesa de Hunza, na Georgia de ex-União Soviética, o número considerável de pessoas conseguem alcançar idades elevadas, além dos 90 anos, tal longevidade efetiva parece ser devida a uma harmoniosa integração de fatores genéticos com o ambiente e costumes de vida. O clima é ameno e temperado, com poucas variações climáticas e temperaturas quase constantes durante o ano todo. A atividade física é mantida até a idade avançada, a alimentação não é abundante e é substancialmente vegetariana, o uso de bebidas alcóolicas é moderado e a atividade sexual não diminui com o passar dos anos; as pessoas idosas vivem em família com os jovens e gozam de um imutável prestígio social. Os médicos não registraram nos idosos dessas populações as difusas alterações dos parâmetros de laboratórios típicos da idade geriátrica e as patologias mais comuns ligadas à arteriosclerose[4]. Parecem notáveis os desempenhos funcionais favorecidos por exercícios físicos constantes e por uma vida sóbria.
Até pouco tempo, o único critério para medir o sucesso ou fracasso dos cuidados da vida era sua duração. Em seguida, tomou-se consciência de que a longevidade adquirida não devia ser reduzida a uma simples sobrevivência biológica mas, que uma vida mais longa nem sempre significa uma vida melhor e que não é suficiente alcançar uma meta cronológica do corpo para vencer a morte física, se ocorrer aquela psíquica. O objetivo a ser colocado deve ser uma meta ligada não só a quantidade numérica de anos, mas também à qualidade de vida, de tal maneira a tornar o envelhecimento desejável. Somente nos últimos anos, conseguindo-se dar mais anos à vida, entendeu-se a importância de se acrescentar vida aos anos.
Atualmente, com o avanço farmacológico, a melhoria nas condições de vida, a maior preocupação com a prevenção de doenças, uma alimentação adequada, e uma prática de exercícios físicos, com caminhada, a exposição moderada ao sol, a estimulação mental, o controle do estresse, o apoio psicológico, atitude positiva perante à vida e ao envelhecimento são alguns fatores que podem retardar ou minimizar os efeitos da passagem do tempo.
Desde há muito tempo, a preocupação com o envelhecimento está presente no pensamento de filósofos e teólogos e em todos que buscam explicação, no sentido para a vida, para o envelhecimento e para a morte.
A explicação de como e porquê se envelhece tomou foros de um ramo da ciência denominada Gerontologia.
A Geriatria, como diz VIEIRA(1996) , constitui-se em um dos ramos da medicina que se dedica a assistir os idosos.
Geriatria e Gerontologia se apoiam mutuamente, visto que, seriam impossível tratar das patologias que acometem os idosos, sem que se buscasse, na intimidade dos tecidos dos órgãos e sistemas, o conhecimento da natureza e dos processos que convergem para o envelhecimento.
É preocupação dos geriatras e gerontólogos reconhecer as características do desempenho de cuidadores e prepará-los para os cuidados à pessoa idosa, pois sabem que o ponto frágil da prestação de serviços pode ser aquele do contato mais próximo com o idoso, que é feito pelo cuidador ou acompanhante, embora muitas vezes não tenha recebido qualquer qualificação.
Essas duas ciências juntas propiciaram novos horizontes de insofismável alcance no campo da profilaxia e da assistência ao velho, arrancando-o da decadência física e mental e derrubando por outro lado, nocivos preconceitos quanto às suas atividades. (CAMERINO 1990: 61)
Por isso, para o geriatra, tem especial significado compreender a intervenção favorável sobre os aspectos psicológico e sociais da vida humana, enquanto ser gregário. Tem haver com a organização social, com a família, com a comunidade. Daí a importância de incorporar toda uma equipe de profissionais da saúde para a assistência ao idoso
Cabe-lhe promover a saúde, prevenir a doença, curar se possível, postergar[5] incapacidades, melhorar a qualidade de vida ou aliviar dor no sofrimento, seja físico, seja mental. Como também participar de movimentos comunitários em prol dos idosos desvalidos, transmitir cuidados especiais ao idoso e à família, atualizar seus conhecimentos, participar das investigações, quando for possível, são atividades que complementam o saber e o desempenho do geriatra.
O geriatra deve compartilhar com outros profissionais da saúde a assistência integral ao idoso.
Segundo NERI(2000) o psicólogo, o enfermeiro, o assistente social, o terapêuta ocupacional[6], o fisioterapeuta, o odontólogo, o nutricionista e tantos outros profissionais, inclusive o advogado, muito têm a contribuir para manutenção da homoestase física, mental e social da pessoa idosa.
Está mais do que comprovado de que as perdas físicas em conseqüência da velhice provocam efeitos psicológicos que podem levar a distúrbios psicológicos e, em alguns casos, até mesmo o suicídio.
É neste momento que a Psicologia[7] contribui de forma significativa para que o idoso possa aceitar a si mesmo elaborando um auto-conceito positivo e convivendo de forma satisfatória com as perdas naturais da idade. Terapias, quer individual ou de grupo, e palestras para grupos de terceira idade, bem como para profissionais que atuam diretamente com os idosos são meios que a Psicologia pode utilizar para manter acesa no idoso a alegria de viver.
As mudanças que ocorrem com a idade são sentidas de forma própria por cada indivíduo. As adaptações podem acontecer de forma adequada, saudável ou patológica. Tudo depende de como as perdas físicas são vivenciadas psicologicamente. Envelhecer é somar todas as experiências da vida, é o resultado de todas as decisões de todas as escolhas que foram feitas durante todo o percurso da vida.
Nesse sentido, psicologicamente a velhice é descrita como uma etapa da vida capaz de provocar depressão, sensibilidade às doenças, regressão.
Conforme BRITO FILHO(1999), caracteriza-se também por aumento na exatidão da percepção e uma redução em sua velocidade. Segue apresentando uma diminuição da memória mecânica, instalando-se um sistema mnésico que evita o não-essencial. Outras características identificadas são uma maior vulnerabilidade das funções mentais, com aumento da ponderação, do equilíbrio e da espiritualidade.
Geralmente o idoso é deixado numa situação de carência de relacionamentos e de falta de estímulos, quando da redução de suas próprias capacidades de contato, faria necessária uma compensação adaptada por parte das pessoas que o cercam.
Nele são tolerados sinais de retraimento e de depressão que se ocorressem em alguém mais moço provocariam medidas terapêuticas – quimioterápicas e psicoterápicas - e um maior apoio ambiental. No entanto o indivíduo mais jovem tem mais capacidade e oportunidades para encontrar por si mesmo uma saída. Esquece-se que os idosos são aqueles que mais tentam o suicídio com a probabilidade de sucesso.
A improdutividade humana que ocorre com a velhice segundo BEAUVOIR (1970), pode ser entendida como um fenômeno biológico com conseqüências psicológicas considerado típico da idade avançada. As mudanças emocionais pela perda progressiva de fatores culturalmente valorizados como saúde, beleza, carreira, segurança financeira, status social e, consequentemente, baixa na auto-estima, devem também ser encaradas como naturais e inerentes à idade.
As reações a esses fatos são as mais diversas, podendo começar com uma pequena tristeza, indo gerar um grande isolamento social, melancolia ou depressão, com sérios comprometimentos psicológicos e, em casos extremos, levar ao suicídio.
Um outro fator que interfere brutalmente no equilíbrio psicossocial do idoso é a perda da sua autonomia e da capacidade e do direito do indivíduo em poder eleger, ele mesmo, as regras de sua conduta, a orientação de seus atos e os riscos inerentes a eles, além da possibilidade de realizar suas atividades sem a ajuda de terceiros, repercutindo em seu exercício pleno de ser social e de cidadania,
Conforme DUARTE(2001), o que marca a existência de conflitos psicológicos nesta fase, é a dificuldade em adaptar-se às mudanças físicas, sociais, e pelos choques provocados na interação com uma sociedade pouco tolerante, com muitas cobranças sociais, que requerem respostas rápidas e eficazes que o idoso já não pode dar.
Essas mudanças geram estados de insegurança, medo, tensões que são expressados através de atitudes mais rígidas, conservadoras, indiferentes, expostas pelo idoso.
Os idosos resistem em aceitar novas idéias que os levam, de certa forma, a uma crescente introspecção e decréscimo da comunicação com o mundo exterior.
Dentro do ponto de vista psicanalítico, são muitos os mecanismos de defesa[8] empregados contra o medo de envelhecer.
A negação é um mecanismo de defesa empregado contra a angústia, que pode ser inconsciente ou consciente. O mecanismo de negação é principalmente próprio de um ego frágil diante das pressões e impressões do mundo externo e que uma vez desafiado foge através da fantasia ou da insensibilidade.
O processo é simples, tudo aquilo que incomoda o indivíduo, o que ele não pode suportar, ele nega.
Tal processo é observado no idoso com certa freqüência. Na tentativa de “não parecer velho”, ele desafia qualquer evidência
Outro mecanismo de defesa é a Restrição do Eu, uma espécie de encolhimento que o idoso faz em torno de si mesmo: frente às dificuldades externas, ele se retira de todas as situações que possam trazer-lhe o temido confronto com aquilo que é difícil de suportar. Um exemplo, é a dificuldade de aprendizagem, natural da fase e que ele generaliza, dizendo que já não pode aprender mais nada, e se recusa a novas experiências. E assim vai abandonando atividades que poderiam ser gratificantes, restringindo seu campo psicológico e de ação. Afasta-se dos contatos sociais, festas, reuniões, onde suas perdas visuais, auditivas ou de memória possam ser constatadas.
Enquanto na negação o idoso não tem consciência do que ocorre, na restrição ele percebe suas perdas e sofre com elas.
Um outro aspecto desse mecanismo de defesa é o do relacionamento sexual. Realmente, existem modificações hormonais que provocam alterações orgânicas com o encolhimento do tecido muscular dos órgãos genitais, certa flacidez muscular e menor resistência física. Estas causas orgânicas variam muito de pessoa a pessoa às vezes mal ocorrem. E a diminuição da atividade sexual se dá muitas vezes, mais por problemas psicológicos e tabus sociais em relação às manifestações afetivas na velhice. No entanto, o relacionamento sexual, mesmo que não seja completo, pode ser muito gratificante pelo que traz em termos de aproximação afetiva, carinho, contato físico.
Um outro mecanismo de defesa é o da “Identificação com o Agressor”: quando alguém se sente impotente e angustiado diante de um agressor, pode ser levado a se identificar com ele. Assim se sente segura diante do que a ameaça: “não tenho medo dele, pois sou como ele”. Algumas formas desse mecanismo se processam na velhice, envolvendo sentimentos de inferioridade e tentativas de compensação. É o que se verifica freqüentemente em velhos que se tornam dominadores, ranzinzas, implacáveis e avaros, porque assim, menos exigente e ameaçador parece o mundo a sua volta. Este mecanismo pode manifestar-se sob uma forma totalmente oposta em que o agressor é sentido como a própria velhice. Então o idoso se identifica com a velhice e assume obsessivamente este agressor tão forte, tão destrutivo, em busca de vantagens. Tristes vantagens: começa a se fazer mais velho do que realmente é, para ter pena da sua própria situação, sente-se excluído mais do que os fatos demonstram: percebe-se pouco querido, pouco capaz, assumindo uma situação falsa e forçada, buscando através da comiseração, a aliança e o apoio dos outros, frente a este agressor.
Outro mecanismo de defesa empregado é o da racionalização, ou seja, o indivíduo procura uma explicação, coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral para uma atividade, uma ação, uma idéia, um sentimento. É o caso do idoso que ao sentir-se só e com menos capacidade começa a justificar-se continuamente, supervalorizando sua experiência de vida, sua sabedoria, as vantagens de estar só, de ser velho, das escolhas que fez. Racionalizam porque se mostram exagerados, forçam vantagens em tudo e as usam para encobrir os reais impulsos que eles não querem ou não podem admitir.
Os idosos, como diz DUARTE(2001), que têm recursos psicológicos bem estruturados ao longo da vida, conseguem adaptar-se às mudanças inevitáveis do processo, superando a crise de adaptação, conservando mais facilmente seu senso de auto-preservação e o seu estado de saúde mental, mantendo participativo e ativo socialmente.
O equilíbrio psicológico é, portanto, resultante do somatório de recursos psicoemocionais desenvolvidos ao longo da vida, que funcionam como prevenção, permitindo ao idoso, desempenhar satisfatoriamente sua capacidade de adaptação social e um funcionamento cerebral condizente com a vida de relação.
Existem várias maneira de bem envelhecer dentro da variação individual, o chegar a uma idade mais avançada pode transcorrer de uma maneira harmoniosa, sendo responsável por uma etapa feliz e digna da vida do indivíduo, ou pode acontecer de maneira desastrosa, onde apesar da longevidade, o prazer de ser viver é perdido pelo caminho.
Geriatras, Gerontólogos e Psicólogos no Brasil, ressaltam o trabalhar durante a vida inteira, mesmo a tempo e ritmos reduzidos, como também superar momentos de crises e situações de estresse afetivo-emocional, bem moderados na alimentação, na bebida, e no uso do fumo, continuar tendo uma vida sexual ativa e beneficiar-se de um sono restaurador e outros, são fatores que podem favorecer uma existência longa e serena e manter ativos tantos os processos de socialização, como também a atividade psíquica, a motivação e o interesse pela vida, além de assegurar bons relacionamento sociais.
Inúmeros indivíduos, como Freud, Sartre, Carlos Drumond, Simone Beuavoir e tantos outros que ao atingir uma idade mais elevada, encontravam-se em uma fase extremamente criativa de sua vida[9], sendo reconhecidos pelas contribuições feitas ao meio social ou mesmo à humanidade.
Por outro lado, existem indivíduos que envelhecem em situação física, mental ou social tão precárias que se tornam dignos de pena e até mesmo rejeição. São os idosos dementes[10], asilados ou mesmo abandonados à própria sorte.
As características de caráter psicológico também estão relacionadas com a hereditariedade, com a história e com a atitude de cada indivíduo. Além das alterações no corpo o envelhecimento traz ao ser humano uma série de mudanças psicológicas que podem resultar dificuldade de se adaptar a novos papéis; falta de motivação e dificuldade de planejar o futuro; necessidade de trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais; dificuldade de se adaptar às mudanças rápidas, que têm reflexos dramáticos no velhos; alterações psíquicas que exigem tratamento; depressão, hipocondria[11], somatização[12], paranóia[13], suicídio, baixas auto-imagem e auto-estima.
Muitos idosos apresentam quadro de depressão que, muitas vezes não são percebidos pelos familiares e cuidadores, sendo encarados como características naturais do envelhecimento. Há dados mostrando que, além de estarem sujeitos à depressão, os idosos são atingidos por outros transtornos.
Além dos sentimentos de tristeza e melancolia, podem aparecer outros distúrbios mais difíceis de serem identificados, mas igualmente sintomáticos de um sofrimento psicológico, Outros sinais de depressão podem ser o seguinte: nervosismo, ansiedade, fácil irritabilidade, sono irregular (especialmente acordar cedo de manhã sem sentir-se repousado), dificuldade em concentrar-se ou a perda de memória; também o sofrimento físico (dores no estômago, nas costas, cefaléia) ou a perda do apetite são, às vezes, sinais de depressão. Outras manifestações sintomáticas são a perda de interesse pela coisas que costumavam dar prazer e felicidade, estar juntos com os amigos e os familiares; achar que não tem mais capacidade de desempenhar as próprias ocupações habituais, ter freqüentes crises de choro, até mesmo por causa de pequeno problema qualquer, perder a alto estima, ou manifestar indiferença por tudo aquilo que acontecer ao redor. Quando a combinação dos sintomas referidos acima continua persistindo por duas ou mais semanas, é um sinal de depressão, quer dizer, torna-se uma situação que é preciso solicitar a ajuda de um médico. (CAPODIECI, 2000: 137)
Segundo CAPODIECI(2000) o trabalho com velhos deprimidos consiste em estimulá-los em todos os aspectos, por meio de jogos de memória ( auditiva, visual , tátil ), passeios, discussões, leitura e conversas com o objetivo de aumentar sua auto-estima, ajudá-los a organizar sua vida, resgatar seus aspectos positivos, descobrir atividades prazerosas e recuperar e desenvolver novos relacionamentos.
A estimulação faz com que as pessoas vivam mais a vida, que vivam o hoje, que usem mais a memória e a criatividade para criar situações, atividades alegria e felicidade. Com a estimulação tudo revive: o corpo não usado, a mente parada, os afetos anestesiados, os amigos esquecidos. É importante criar um ambiente que favoreça sua vida presente proporcionando momentos de lazer e ajudando a descobrir e a desenvolver atividades criativas. Também estimular suas potencialidades e uma postura aberta a novas descobertas. Tudo isso ajuda a manter e a resgatar capacidades físicas, mental e social. É importante fazer amigos, procurar cursos, novos interesses e novos prazeres[14].
As atividades que proporcionam estimulação psicológica são aquelas que trabalham com afeto, auto-estima, sentimento de identidade, conduta, pensamento, juízo critico memória , atenção percepção, discernimento, capacidade de tomar decisões , capacidade de adaptação e novas situações.
Nos casos em que o idoso não possa contar com um ambiente exterior coeso e tranqüilo e quando a sintomatologia for sustentada por conflitos de ordem neurótica[15] ou psicótica[16], pode haver necessidade de adotar terapias de longa duração ou mesmo uma orientação psicanalista.
Nesse caso, conforme DUARTE(2001) ,dois princípios devem guiar as atitudes terapêuticas com relação às pessoas idosas.
1º - a necessidade de um contato afetivo suficiente e adaptado às necessidades, para que sejam mantidas suas capacidades de investimentos e motivações, compensando assim através de uma ajuda exterior, a redução de suas potencialidades internas.
2º - a consciência de sua vulnerabilidade e, em função deste fato a necessidade de respeitar suas ligações e interesses, assim como as referências constituídas por seu quadro habitual de vida e por seus costumes. Toda mudança brutal no ambiente pode desorganizar total e definitivamente seu funcionamento mental.
É preferível mantê-lo em casa junto a seus familiares mesmo com algum desconforto, do que submetê-lo às instalações confortáveis de um asilo. Os animais e os objetos do seu mundo habitual podem ser seus únicos vínculos afetivos.
Como diz DUARTE (2001), a terapia de grupo é indicada de modo especial para os idosos por uma série de razões. Favorece a socialização, aumenta as motivações para renovar antigos interesses e relacionamentos e representa uma oportunidade para obter informações e sugestões úteis para a solução de problemas práticos. Além disso a psicoterapia de grupo é aconselhável porque em grupos os participantes aprendem a desenvolver um novo microcosmo social e avaliar os seus recursos. Oferecendo também uma oportunidade para chegar a novas aprendizagens onde há a possibilidade de experimentar diversas modalidades de dar e receber em que os participantes são, ao mesmo tempo, recebedores e doadores.
Além das terapias existem outros caminhos que levam ao envelhecimento sadio, sendo que um deles é aquele que o próprio indivíduo vem descobrindo por sua própria conta: a fortificação de seus ideais e merecimentos através de associações. Quase todas no momento utilizam na sua designação o termo “Terceira Idade”. Elas fornecem ao idoso uma série de atividades de lazer: aulas diversas (natação, ioga e outros[17]), jogos de salão, conferências, enfim uma série variada de possibilidades. Paralelamente a sociedade, através de universidades, instituições voltadas para a velhice, tem se mobilizado buscando a melhoria das condições de vida desse grupo etário para o exercício da cidadania e da qualidade pessoal de vida.
É importante ressaltar que saúde mental pode ser entendida como o equilíbrio psíquico que resulta da interação da pessoa com a realidade. Essa realidade é o meio circundante que permite à pessoa desenvolver suas potencialidades humanas e, normalmente, essas potencialidades estão estreitamente associadas à satisfação das necessidades humanas.
Uma das principais necessidades humanas básicas para o idoso é a autonomia funcional que diz respeito à capacidade que tem a pessoa para valer-se de si mesmo, interagir com o ambiente e satisfazer suas necessidades.
A vida sexual do idoso encontra alimento na ternura e na necessidade de amor.
De acordo com CAPODIECI (2000), os parceiros idosos podem melhorar o seu relacionamento na vida a dois na medida em que são capazes de reconhecer que existem modificações da fisiologia sexual, como também que estas são diferentes no homem e na mulher e que constituem a conseqüência de mudanças específicas devidas ao processo de envelhecimento e que não estão em relação com o desejo, nem com o interesse e o amor que cada cônjuge sente pelo outro.
Nesta fase a libido[18] está voltada a manter unido um ego que tende cada vez mais para a fragmentação e indiferenciação, isto é , um ego que volta a ser principalmente um eu físico. O corpo, assume de novo um predomínio, porque assim exigem as várias funções biológicas que com freqüência voltam a fazer perder aquela sensação de “bem-estar” físico que caracteriza a idade juvenil adulta.
Segundo CAPODIECI(2000), o momento da senilidade é um período delicado da existência, em que o homem e a mulher têm necessidade de sentir-se perto um do outro. De fato, o homem que deixou o próprio trabalho, pode ter sensações de inutilidade e de improdutividade, achando por vezes ter perdido seu papel na vida. A mulher, por outro lado, que viu os filhos se afastarem de casa, pode ter dificuldades para reassumir um papel de esposa, chegando a sobrepor-se àquele tradicional de mãe que a manteve ocupada durante muitos anos.
Os cônjuges idosos se encontram de novo a sós e uma das razões da sua existência é saber viver juntos, mais intensamente do que nunca, como se a sua nova situação, longe de ser fonte de privações, pudesse ser a base potencial para uma intensificação dos seus intercâmbios amorosos, ou, em certos casos, para uma nova formulação da sua relação como casal
Por isso, o casal deve enfrentar com grande serenidade todas aquelas mudanças psicofísicas devidas à idade, às quais, quando descobertas com antecedência, permitem ao casal manter inalterado aquele equilíbrio delicado do qual depende o seu bem estar, que não é feito de renúncias mas de amor. Em outros termos, a terceira idade pode uma oportunidade para rever ou, se for preciso, mudar alguns aspectos da própria vida sexual.
Conforme CAPODIECI(2000), as terapias sexuais em geral são psicoterapias breves e representam a evolução da terapia original para os distúrbios sexuais criada por Willian Master e Virginia Johnson de S. Louis ( USA). Este método de cura se demonstra especialmente eficaz para o tratamento de problemas, quais a ejaculação precoce, o vaginismo[19], anorgasmia[20] e algumas formas de impotência. A terapia da falta de desejo ou de prazer sexual, no entanto encontra a sua indicação principal nas psicoterapias psicodinâmicas.
Um dos motivos da psicoterapia é conseguir trabalhar em torno das problemáticas à emotividade e à sexualidade.
Nosso mundo passa por grandes modificações com a tecnologia avançada a passos largos, as mudanças acontecem muito rapidamente, a vida é cada vez mais agitada, as condições econômicas são mais difíceis. Exigindo cada vez mais introdução de novos conceitos e maneiras diferentes de viver, bem como uma grande flexibilidade e capacidade de adaptação que o velho nem sempre tem, o que o leva a ter mais problemas.
A maneira de encarar a terceira idade tem muito a ver com a capacidade de adaptação às mudanças de vida. É preciso ver o envelhecimento como um processo que vai ocorrendo de forma gradual. Tudo é um processo. Quando se sabe adaptar as mudanças físicas, psíquicas e sociais, que vão ocorrendo ao longo da vida, o envelhecimento aos poucos irá se tornando realidade. Talvez seja necessário mudar comportamentos, adquirir novos hábitos, e criar outra postura. É preciso ter coragem para enfrentar a terceira idade, para superar as perdas, continuar amando e tendo prazeres na vida.
Desde crianças deve-se preparar para o envelhecer e para olhar para a velhice como uma etapa que depende da forma como se comporta ao longo da vida. Se for um adulto saudável e feliz, provavelmente será um velho com as mesmas características. Mesmo as doenças e dificuldades físicas afetarão a atividade e maneira de encarar a vida de acordo com a visão mais ou menos positiva que se tiver do mundo. Flexibilidade e equilíbrio são duas condições fundamentais para um envelhecimento sem traumas e estresse.
Segundo VIEIRA (1996), a observação de que a maioria dos centenários no Brasil, é fisiologicamente sadia fortalece a esperança de se ter um melhoramento dos vários aspectos, quer físicos, quer emotivos, da vida em suas faixas etárias mais avançadas. Para que isto aconteça é necessário que se aprenda a envelhecer desde jovens. Examinando as necessidades psicológicas, bem como os níveis de ansiedade, os diferentes mecanismo psicodinâmicos, e as várias problemáticas ligadas às relações interpessoais, não se pode deixar de constatar que a personalidade do idoso é a conseqüência natural das vivências e das experiências anteriores de sua vida. Em Psicologia, a teoria cognitiva da personalidade, sustenta que as transformações físicas e psíquicas do indivíduo na velhice exprimem a mudança vivida subjetivamente e não aquela produzida objetivamente pela idade. As variações são influenciadas pelas necessidades de cada indivíduo e de suas expectativas, assim como tais expectativas variam pela influência da cultura dos grupos em que o indivíduo está inserido. A adaptação é o fator determinante do envelhecimento e produz transformações, cuja importância é igual às transformações induzidas pela idade evolutiva.
A velhice tem que ser pensada como uma perspectiva de totalidade sócio- biológica, mais do que só um fato biológico. A velhice é um fenômeno com várias dimensões e complexidade, incluindo fatores políticos, sociais, econômicos e culturais. A capacidade de produzir, a questão econômica, costuma-se sobrepor todas as demais fazendo, inclusive, com que a valorização da vida humana se faça à partir de critérios meramente materiais. A pessoa humana atualmente só é importante enquanto integrada ao sistema produtivo e contribuindo para a expansão do capital. Um sistema de vida cruel e mutilador: um sistema que não oferece á imensa maioria de seus componentes o menor incentivo para viver. Que antecipa a morte das pessoas que envelhecem.
No nosso dia-a-dia estamos diante de um paradoxo: a mesma sociedade, que promove o prolongamento da existência humana, também a mata lentamente, por falta de condições adequadas de vida, muitas vezes dificultando a mera sobrevivência.
Assim a questão da velhice é menos individual e orgânica e mais social e cultural, aspecto este que é massacrado pela introjeção de tais valores externos que passam assim a fazer parte integrante de cada sujeito.
A morte é algo muito presente para o idoso, o angustia e precisa ser trabalhada. A única forma de se preparar alguém para "morrer bem", ou seja, aceitando este fato como natural, é ensinando-o a viver bem. Assim sendo, quem está ciente de ter um saldo positivo na balança da vida cujos investimentos realizados podem se reverter em ganhos significativos, pode esperar a morte com menos angústia e com a certeza de que se perpetuará na espécie, onde sua continuidade estará assegurada. Porém, aquele cuja existência está destituída de um significado, enfrenta face à morte, a angústia e o desespero de quem viveu estéril e improdutivamente.
O que vale na vida é a vida interior, são os pensamentos, são as sensações, são as esperanças. A morte não é privilégio da velhice. Morre-se em qualquer idade.
A vida é o corpo
Com estas preocupações admitimos que temos que sonhar para vislumbrar outra realidade mais promissora. Sonhos estes que devem ser percebidos no íntimo de diferentes pessoas, instituições, donos do poder , pois todos poderão passar por isto. Sonhos que possam ser traduzidos em ações, por todos aqueles que acreditam na velhice como mais outra fase realizadora na vida. Isso não custa tanto assim, é só começar cada um fazendo a sua parte.
No que se refere à problemática levantada sobre o envelhecer: contribuição da psicologia para um melhor envelhecimento, há que constatar uma visão equivocada sobre a velhice, considerando o idoso uma pessoa inútil e improdutiva, e uma reflexão e o reconhecimento de que a vida deve ser vista como um processo contínuo que inicia no nascimento e só finda com a morte, como foi visto com DUARTE (2001), VIEIRA (1996), BRITO FILHO (1999 e NERI (2000). E que além das terapias existem outros caminhos que podem restituir aos idosos uma outra vitalização, capacidade de agir, aumentando suas habilidades, preservando sua independência e sua autonomia; redescobrindo as possibilidades sem mascarar as perdas de capacidades que marcam limites inexoráveis[21], conforme vimos em BEUAVOIR (1970), CAPODIECI (2001), CAMERINO (1990), VERAS (1997).
É importante o fato de conseguir preparar sem tempo para viver uma terceira idade livre, sadia, inteligente, prestigiada e rica de amor[22]. Para tanto, o ciclo da vida não deve mais prever uma infância dominada pela dependência, uma idade juvenil e adulta onerada pelo trabalho e uma velhice interminável e inútil, mas, sim uma longa idade livre, sempre digna de ser vivida e com a possibilidade de dedicar-se também a objetivos sociais e espirituais num postura de constante aprendizagem.
É importante, como ressalta VIEIRA(1996), que os profissionais que lidam com os idosos devem ter consciência de que no início do terceiro milênio o Brasil será o sexto país do mundo em população mais idosa. Daí a necessidade desses profissionais se inserirem nos programas de estudos e pesquisas para que possam, dessa forma, contribuírem, através do seu exercício profissional , para um envelhecimento saudável.
Juiz de Fora, novembro de 2001.
BIBLIOGRAFIA
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BRITO FILHO, Luiz Ferreira de. O processo de envelhecimento e o comportamento vocal. Monografia de conclusão do curso de especialização. CEFAC, 1999.
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VIEIRA,Dirce Fátima.A velhice nos tempos atuais.www.revistapsicologia.com.br, 2001.
UNICAMP/NEAPE .Interesses de Pesquisa. www.unicamp.org.br/,2001.
[3] Esta página foi escrita a partir de VIEIRA, 1996.
[4] Endurecimento das artérias.
[5] Adiar.
[8] Sobre os mecanismos de defesa o texto foi escrito a partir de DUARTE (2001).
[10] Demência: enfraquecimento mais ou menos acentuado das faculdades mentais, decorrente de lesões do cérebro.
[11] Preocupação exagerada com a saúde.
[12] Processo onde os problemas psicológicos são transferidos para o corpo.
[13] Delírio em geral.
[15] Neurose: transtorno da conduta, sentimentos e idéias que exprimem disfarçadamente o conflito inconsciente.
[16] Psicose: doença mental onde se confunde a realidade com a fantasia.
[18] Procura da satisfação sexual. Energia dos instintos de vida.
[19] Espasmo doloroso da vagina.
[20] Ausência de orgasmo por ocasião do coito.
[21] Rígidos.
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