Total de visualizações de página

PLACA NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

PLACA  NA ESTRADA DE CONCEIÇÃO DA BOA VISTA NAS PROXIMIDADES DO COLINA CLUBE

sexta-feira, 24 de julho de 2009

PADRE HIGINO RICARDO LATTECK


PADRE HIGINO COM O APOSTOLADO DA ORAÇÃO NA IGREJA MATRIZ DE RECREIO

Pe. Higino, frade fransciscano, nasceu em Instgerburg-Prussia/Alemanha em 31 de março de 1905 e faleceu em 02 de setembro de 1983. Filho de José Latteck e Anna Hanshatter. Estudou no Convento dos Franciscanos em Fulda na Alemanha onde ordenou-se padre franciscano em 27 de abril de 1930. Foi Missionário na Alemanha, Suiça e Iuguslávia no período de 1930 a 1940. Chegou ao Brasil em 06 de junho de 1940 no sul de Mato Grosso, fugindo do anticlericarismo nazista que se implantou na Alemanha. Por pertencer a Ordem dos Franciscanos passou a ser perseguido pelos nazistas e se tornou prisioneiro político sendo levado para um campo de concentração. Lá sofreu os piores horrores daquela triste guerra. Naquele horrendo campo de concentração tinha que andar sem camisa, pois suas costas estava toda cortada e arranhada. Este era o resultado dos castigos pelas inúmeras tentativas de fuga. Apesar dos castigos Frei Higino lutava ferozmente pela sonhada liberdade. Era preciso continuar seu trabalho de sacerdote. Seu irmão se tornara um dos sargentos da guarda civil alemã naquele campo e também era Maçom. Vendo o sofrimento do seu irmão providenciou junto aos irmãos maçons passaportes para ele e seu inseparável amigo Pe. Giuliano para que, appós a fuga pudessem embarcar sem serem perseguidos. E assim os dois embarcaram como passageiros comuns rumo à sonhada liberdade. Foi o primeiro Vigário residente de Dourados de 1940 a 1947. Conforme Inez Maria Bittencourt do Amaral, em sua dissertação de mestrado ENTRE RUPTURAS E PERMANÊNCIA - A Igreja Católica na região de Douras de 1943 a 1971, apresentada do Curso de Pós-gradua em História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Em 1939 foi grande a saida de franciscanos da Alemanha devido a luta anticlerical chamada de culturkampf, política do partido nazista quando controlou totalmente o estado germanico em 1939. A emissão de passaportes ficou prejudicada, conventos foram fechados e muitos padres foram presos. Em Dourados a construção da primeira capela foi iniciada em 1925. A imagem de Nossa Senhora da Conceição, trazida da França, foi levada em procissão até a capela em oito de dezembro desse mesmo ano. Os apelos da comunidade para que a Paróquia de N.S. da Conceição tivesse um padre residente foi atendido com a posse de Frei Higino Latteck em 1940. Até a construção da residência paroquial,ao lado da capela, esse padre se hospedou na casa de dona Antonia Capilé. Ele se empenhou ferrenhamente para mudar o cenário religioso local, embora com muitas dificuldade, pois era alemão e não falava uma palavra em português; foram as familias católicas que o ensinaram em suas casas. Frei Higino celebrava as Missas e depois perguntava aos mais próximos a ele se havia errado alguma coisa. Em suja luta, encontra-se o apele feito ao Comissariano Franciscano para a vinda das Irmãs de caridade para Dourados, no intuito de que assumissem a catequese nas escolas, o cuidado com os doentes e a expansçao do catolicismo. Entre as propostas encontrava-se a criação de escolas primárias para ambos os sexos e a criação de um internato para as meninas. A proposta esbarrava em dois grandes entraves: encontrar Irmãs que quisessem vir para a região e a Lei de Ensino Brasileira, do governo Vargas, que não permitia a contratação de professores estrangeiros, há não ser que os mesmos já residissem há vários anos no Brasil e passassem por um rigoroso teste de Lingua Portuguesa.
Em 1942 vieram três Irmãs Franciscanas Bernadinas para Dourados. A época não era propícia para o trânsito de estrangeiros, em virtude da Segunda Guerra Mundial. Hou também dificuldades das freiras na renovação dos seus registros de professoras. Sobre a chegada das religiosas Frei Higino escreveu: "o dia dezenove de agosto foi um dia da benção divinal. Chegou, pois, o meu auxiliar muito desejado, o Frei Shaefer. Chegaram, que sorte, três freiras franciscanas destinadas ao ensino das crianças". Em primeiro de setembro as Irmãs Franciscanas abriram o seu colégio na casa das escolas reunidas que o senhor Prefeito benignamente arranjou para este fim. O número de primeiros alunos foi vinte e seis. Além das inúmeras dificuldades enfrentadas pelos padres e freiras em Dourados, dois deles sofreram constrangimento por parte da polícia local. Assim relatou Frei Higino: "Nós fomos denunciados de sermos espiões políticos no serviço do Nazismo na Alemanha (Nazismo é o governo da nossa terra, cuja doutrina pagã está condenada pelo Senhor Papa e cujos algozes são e eram os inimigos ferozes da Igreja Católica). Duraram sete semanas a nossa prisão, em que podíamos, graças ao bom Delegado de Polícia, rezar a santa missa. O Diabo e seus instrumentos, os caluniadores trabalham, mas é Deus que manda no mundo". O caso relatado que envolveu os dois padres franciscanos Frei Shaefer e Frei Higino Latteck, levou-os a uma detenção vigiada, ou seja permitiam-se que saissem e exercessem suas funções religiosas até 02 de junho de 1942. Esse fato deveu-se ao fato de que esses dois religiosos portassem uma arma durante suas visitas nas redondezas de Dourados e terem sido revistados por policiais. No entanto havia ocorrido um episódio anteriro de denuncia contra Frei Higino. Este costumava tirar uma série de fotografias da região em suas andanças no lombo de um burrinho, o que serviriam para o envioà Turíngia no intuito de obtenção de apoio financeiro para o seu trabalho na região. Algumas pessoas, que desconheciam essa finalidade, confundiram-no como um membro da Gestapo infiltrado no Brasil como espião. Em virtude dessas perseguições, da falta de verbas e da estrutura local, as Irmãs decidiram fechar a escola e sair de Dourados. As Irmãs foram difamadas por certas pessoas católicas que dizendo que eram espiãs, não tinham licença para lecionar, não ensinavam de acordo com o regulamento e não falavam bem o português. Diante do fato assim se manifestou Frei Higino: "Nunca mais, enquanto eu, frei Hygino, for vigário estabelecer-se-ão aqui freiras".
De 1947 a 1955 foi Vigário em Recreio-MG. De Recreio foi para Friburgo-RJ tendo sido Vigário e Capelão dos alemães no período de 1955 a 1968. De Friburgo foi para Itaperuna-RJ, sendo vigário de 1968 a 1973 da Paróquia N.S. do Rosário de Fátima. Em 1973 retorna para Recreio-MG como Vigário onde ficou até 02 de setembro de 1983, quando faleceu. Foi sepultado no Cemitério de Recreio.
Naturalizou-se brasileiro com o nome de Pe. Higino Ricardo Latteck. Lecionou na Faculdade Santa Marcelina de Muriaé-MG, Filosofia e Cultura Religiosa na década de 1970.
Por que Pe. Higino veio para o sul de Mato Grosso? Em 1939 foi grande a saida de franciscanos da Alemanha devido a luta anticlerical pela chamada de Kulturcampf, política do partido nazista que controlou totalmente o estado germânico em 1939. A emissão de passaportes ficou prejudicada, conventos foram fechados e muitos frades foram presos. As despedidas deixaram de ser solenes para não chamar a atenção da Gestapo, a polícia secreta do estado alemão, responsável por vigiar igrejas, seitas, judeus e "pessoas de cor". As comunicações entre a Alemanha e o Brasil foram interrompidas quando o Brasil entrou na guerra contra a Alemanha. Foi a estrada de ferro que trouxe os missionários alemães e boa parte dos materiais de construção para Campo Grande.

Nenhum comentário: