"é a Lenira, a única que leva para tomar sorvete".
Hoje está muito frito! Acordei sentindo saudades de Recreio, dos parentes e amigos. Certa tristeza, também por falta dos telefonemas que recebia de minha sogra Dirce, que hoja não está mais entre nós, pois habita a morada celeste.
Era bom quando o telefone tocava e ouvia sua voz perguntando por cada um. Conversavamos sobre várias cisas da vida. Eu também ligava para ela e assim mantinhamos um contato constante que fazia bem para a alma e para o coração.
No leito sa Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora, ela praticamente já estava sem a lucidez. Certo dia, liguei para seu quarto, colocaram o telefone em seu ouvido e ela com dificuldade ouvindo a minha voz balbuciou algumas palavras que diziam "é a Lenira, a única que me leva para tomar sorvete".
De fato, quando íamos a Recreio, eu tinha o costume de passar na sorveteria em frente ao Olavo Bilac e comprar sorvete para nós. Enquanto ia para sua casa soboreava o meu preferido: abacaxi com amor em pedaços. Com passos apressados chegava num instante em sua com seu sorvete preferido: coco. Sentávamos na varanda e ali ficávamos conversando e saboreando os sorvetes. Ela praticamente não saia de casa por causa das pernas que já estavam sem firmesa devido à artrose nos joelhos.
Num dia ensolarado, fazia muito calor em Recreio, levei-a devargazinho e com cuidado até a sorveteria. Lá sentávamos e ficavamos conversando e saboreando os sorvetes. Percebia em seu semblante, nas suas palavras, alegria por ali estar. Compreendi que aquele momento era especial para ela. Como dizedr, a felicidade é feita de pequenas coisas.
No dia de sua partida el já estava na UTI. Algumas horas antes, eu, Armando e nosso filho Cristiano, assistimos a Missa celebrada pelo Pe. Lélis na Capela Nosso Senhor dos Passos, que fica no pátio da Santa Casa. Pedimos a Deus por ela. Lembro-me bem das palavras do Armando: " só pedi a Deus para não deixar minha mãe sofrer".
Voltamos para casa e por volta da meia noite e trinta minutos o telefone tocou. Temerosa atendi: era a enfermeira conunicando seu falecimento. Tinha chegado o momento: ela foi para junto de Deus!.
Entendo que estamos aqui de passagem e que dessa vida nada levaremos, a não ser as obrar que praticamos. Tenho fé que não pertencemos a esse mundo e que um lindo céu nos aguarda. De qualquer maneira, a dor da perda é inevitável.
No livro "Cartas entre Amigos", de Pe. Fábio de Melo e Gabriel Chalita, existe uma passagem onde Gabriel fala dos momentos finais de um amigo querido em um quarto de hospital. Ele perguntou-lhe sobre o fim, e Gabriel não sabia o que dizer. Chegou a contar para ele o que alguns filósofos explicavam sobre a morte, mas o amigo inquieto queria mesmo era saber o que pensava do fim. Gabriel respondeu-lhe que não sabia; que o mistério da partida não tinha sido revelado a homem nenhum. O seu amigo apenas o olhava esperando que algo mais fosse dito. Dentro de poucos instantes ele partiria e queria uma resposta. Gabriel lhe disse que acreditava em Deus e o homem concordou com a cabeça dizendo que também acreditava. Gabriel encheu-se de coragem e disse-lhe: que ficasse tanquilo , pois se Deus existia ele não nos trataria como um brinquedinho, que quando velho e estragado se joga fora, colocando outro no lugar. Fomos feitos para muito mais do que isso. O amigo sorriu, esperando pelo fim ele sorriu. Deus não nos fez para o nada, mas para a plenitude, e a plenitude é complexa demais para que nossa razão possa explicar. E as pálpebras daquele que estava partindo cerrou-se para sempre. Foi-se em paz.
(Artigo publicado em Mar de Morros, Edição 115 - Ano XII - 2010)
Hoje está muito frito! Acordei sentindo saudades de Recreio, dos parentes e amigos. Certa tristeza, também por falta dos telefonemas que recebia de minha sogra Dirce, que hoja não está mais entre nós, pois habita a morada celeste.
Era bom quando o telefone tocava e ouvia sua voz perguntando por cada um. Conversavamos sobre várias cisas da vida. Eu também ligava para ela e assim mantinhamos um contato constante que fazia bem para a alma e para o coração.
No leito sa Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora, ela praticamente já estava sem a lucidez. Certo dia, liguei para seu quarto, colocaram o telefone em seu ouvido e ela com dificuldade ouvindo a minha voz balbuciou algumas palavras que diziam "é a Lenira, a única que me leva para tomar sorvete".
De fato, quando íamos a Recreio, eu tinha o costume de passar na sorveteria em frente ao Olavo Bilac e comprar sorvete para nós. Enquanto ia para sua casa soboreava o meu preferido: abacaxi com amor em pedaços. Com passos apressados chegava num instante em sua com seu sorvete preferido: coco. Sentávamos na varanda e ali ficávamos conversando e saboreando os sorvetes. Ela praticamente não saia de casa por causa das pernas que já estavam sem firmesa devido à artrose nos joelhos.
Num dia ensolarado, fazia muito calor em Recreio, levei-a devargazinho e com cuidado até a sorveteria. Lá sentávamos e ficavamos conversando e saboreando os sorvetes. Percebia em seu semblante, nas suas palavras, alegria por ali estar. Compreendi que aquele momento era especial para ela. Como dizedr, a felicidade é feita de pequenas coisas.
No dia de sua partida el já estava na UTI. Algumas horas antes, eu, Armando e nosso filho Cristiano, assistimos a Missa celebrada pelo Pe. Lélis na Capela Nosso Senhor dos Passos, que fica no pátio da Santa Casa. Pedimos a Deus por ela. Lembro-me bem das palavras do Armando: " só pedi a Deus para não deixar minha mãe sofrer".
Voltamos para casa e por volta da meia noite e trinta minutos o telefone tocou. Temerosa atendi: era a enfermeira conunicando seu falecimento. Tinha chegado o momento: ela foi para junto de Deus!.
Entendo que estamos aqui de passagem e que dessa vida nada levaremos, a não ser as obrar que praticamos. Tenho fé que não pertencemos a esse mundo e que um lindo céu nos aguarda. De qualquer maneira, a dor da perda é inevitável.
No livro "Cartas entre Amigos", de Pe. Fábio de Melo e Gabriel Chalita, existe uma passagem onde Gabriel fala dos momentos finais de um amigo querido em um quarto de hospital. Ele perguntou-lhe sobre o fim, e Gabriel não sabia o que dizer. Chegou a contar para ele o que alguns filósofos explicavam sobre a morte, mas o amigo inquieto queria mesmo era saber o que pensava do fim. Gabriel respondeu-lhe que não sabia; que o mistério da partida não tinha sido revelado a homem nenhum. O seu amigo apenas o olhava esperando que algo mais fosse dito. Dentro de poucos instantes ele partiria e queria uma resposta. Gabriel lhe disse que acreditava em Deus e o homem concordou com a cabeça dizendo que também acreditava. Gabriel encheu-se de coragem e disse-lhe: que ficasse tanquilo , pois se Deus existia ele não nos trataria como um brinquedinho, que quando velho e estragado se joga fora, colocando outro no lugar. Fomos feitos para muito mais do que isso. O amigo sorriu, esperando pelo fim ele sorriu. Deus não nos fez para o nada, mas para a plenitude, e a plenitude é complexa demais para que nossa razão possa explicar. E as pálpebras daquele que estava partindo cerrou-se para sempre. Foi-se em paz.
(Artigo publicado em Mar de Morros, Edição 115 - Ano XII - 2010)
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